Joe Biden é nomeado mestre maçom em loja Prince Hall e levanta polêmica

JOE BIDEN MAÇOM
Foto: reprodução / Instagram – Ferrygno

Por Agenor Duque

No apagar das luzes de sua presidência, Joe Biden foi admitido como Mestre Maçom pela Grande Loja Most Worshipful Prince Hall da Carolina do Sul, em uma cerimônia privada realizada no dia 19 de janeiro de 2025, em Washington, D.C. O grão-mestre Victor C. Major concedeu-lhe a adesão “com todas as honras”, justificando o ato como um reconhecimento pelos “extraordinários serviços” prestados pelo democrata aos Estados Unidos.

A nomeação levanta discussões tanto no meio político quanto no contexto religioso e filosófico. Isso porque a filiação de católicos à Maçonaria é explicitamente rejeitada pela Igreja, sendo motivo para excomunhão, conforme reiterado na Declaração sobre a Maçonaria da Congregação para a Doutrina da Fé, assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger em 1983. Na ocasião, o documento deixava claro que fiéis que participassem ativamente de organizações maçônicas estavam em “estado de pecado grave” e, portanto, impedidos de receber a Sagrada Comunhão.

A polêmica também se estende ao próprio meio maçônico. A Grande Loja Príncipe Hall – uma organização historicamente afro-americana – não é reconhecida como regular pelas principais jurisdições maçônicas dos EUA ou pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Com isso, a validade da adesão de Biden é questionada entre os maçons tradicionais, que debatem se ele pode ser realmente considerado o 15º presidente dos EUA a integrar a irmandade.

Ademais, a própria concessão da titulação foi feita de forma não usual, por meio do processo chamado “Mestre Maçom à vista”. Essa prática, existente desde a década de 1730, permite que um Grão-Mestre conceda o título de maneira acelerada, sem exigir que o candidato passe pelos rituais tradicionais. No entanto, essa prerrogativa sempre foi objeto de discussões entre os estudiosos da jurisprudência maçônica, e não há um consenso sobre sua legitimidade.

Outro ponto de questionamento é o fato de Biden nunca ter tido relação direta com a Carolina do Sul, local de origem da loja que lhe concedeu a filiação. A cerimônia ocorreu em Washington, D.C., e sua adesão foi anunciada posteriormente no site da organização. Isso reforça os argumentos de que sua nomeação tem um caráter puramente simbólico e honorário, mais voltado para a construção de uma narrativa do que para um verdadeiro compromisso com os ideais maçônicos.

A nomeação também reacendeu debates sobre a relação entre políticos de alto escalão e a Maçonaria, uma organização que, historicamente, exerce influência nos bastidores do poder. A filiação de Biden levanta suspeitas sobre possíveis alianças e compromissos que extrapolam sua carreira política pública.

A notícia gerou reações divididas entre os maçons. Enquanto alguns comemoram o feito histórico de ter um ex-presidente dos EUA filiado à Príncipe Hall, outros questionam a autenticidade do gesto e a motivação por trás da adesão. “Se isso é uma jogada política, um reconhecimento genuíno ou simplesmente uma tentativa de influenciar narrativas históricas, ainda veremos”, afirmou um membro da irmandade sob condição de anonimato.

A Maçonaria sempre exerceu fascínio e desconfiança por parte do público, e a adesão de Biden apenas reforça os questionamentos sobre a presença de influências ocultas na política norte-americana. A grande questão que permanece é: Qual será o real impacto dessa nomeação nos cenários político e social do país?

Além disso, essa adesão ocorre em um momento delicado da política americana, com Biden enfrentando forte resistência dentro e fora de seu partido. A aproximação com a Maçonaria, uma organização que há séculos desperta debates e teorias sobre seu real papel nos bastidores do poder, pode trazer implicações imprevisíveis para sua trajetória e imagem pública.

Por fim, a filiação de Biden à Maçonaria Prince Hall pode sinalizar uma tentativa de se conectar com um segmento específico do eleitorado afro-americano, tradicionalmente um pilar do Partido Democrata. No entanto, essa estratégia pode se voltar contra ele, gerando mais desconfiança entre setores religiosos e conservadores, que veem a Maçonaria com extrema reserva.