O Brasil, após seis anos de superávit na balança comercial de arroz, enfrenta um cenário inédito em 2024. As importações do cereal ultrapassaram as exportações, registrando o maior volume em 21 anos. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), foram importadas 1,49 milhão de toneladas de arroz em casca, superando as 1,41 milhão de toneladas adquiridas no ano anterior.
O mercado de arroz passou por turbulências significativas em 2024, especialmente após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio. Esse estado é o maior produtor do cereal no país, e as fortes chuvas comprometeram várias lavouras, causando uma redução na oferta doméstica. Essa crise levou ao aumento nas importações para suprir a demanda interna.
Os preços domésticos do arroz também sofreram oscilações. No primeiro trimestre de 2024, o mercado viu uma queda acentuada nos preços, devido às expectativas de crescimento da oferta. Entretanto, após o desastre climático, os preços subiram rapidamente, refletindo as incertezas sobre a colheita e o produto estocado. As importações se tornaram uma alternativa para estabilizar o mercado.
As exportações brasileiras de arroz somaram 1,42 milhão de toneladas em 2024, uma redução em relação aos 1,75 milhão de toneladas de 2023. O déficit comercial de 74 mil toneladas de arroz em 2024 destaca a necessidade de políticas que reforcem a produção nacional e diminuam a dependência das importações.
A produção brasileira somou 10,59 milhões de toneladas na safra 2023/24, um aumento de 5,52% em relação à safra anterior, mas insuficiente para atender à demanda interna sem recorrer às importações. A previsão é que o consumo interno atinja 11 milhões de toneladas, o que mantém a necessidade de manter os estoques reguladores em níveis adequados.