População em situação de rua cresce 25% em 2024

População em situação de rua cresce 25% em 2024
Foto: Reprodução/Antônio Cruz/Agência Brasil

O Brasil vive uma crise social agravada pela falta de políticas públicas eficazes. De acordo com um levantamento recente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o número de pessoas vivendo em situação de rua aumentou 25% em 2024, atingindo 327.925 indivíduos. Em comparação, no final de 2023, esse número era de 261.653.

Concentração regional revela desigualdades

A Região Sudeste concentra 63% dessa população, equivalente a 204.714 pessoas. O estado de São Paulo lidera o ranking, com 139.799 indivíduos sem moradia, o que representa 43% do total nacional. O crescimento no estado é alarmante: em 2013, eram apenas 10.890 pessoas em situação de rua.

O Nordeste aparece como a segunda região mais afetada, com 47.419 pessoas vivendo nas ruas, seguido pelo estado do Rio de Janeiro, com 30.801 casos. Esses números revelam que a crise está longe de ser apenas regional; trata-se de um fenômeno nacional.

Fatores que agravam a crise

Especialistas apontam que o fortalecimento do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico) ajudou a identificar mais pessoas em vulnerabilidade. No entanto, esse aumento também reflete a falta de políticas estruturantes voltadas para habitação, emprego e educação.

Outro ponto preocupante é o nível educacional dessas pessoas. Sete em cada dez não concluíram o ensino fundamental, e 11% são analfabetos. Essa barreira educacional dificulta o acesso ao mercado de trabalho, perpetuando o ciclo de pobreza.

Imóveis vazios e falta de ação política

A disparidade entre a quantidade de pessoas nas ruas e imóveis desocupados destaca outro aspecto do problema. Apenas na cidade de São Paulo, há cerca de 590 mil imóveis particulares vazios, segundo o IBGE. Para Robson César Correia de Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua, a solução passa pela reforma dessas estruturas.

“Reformar prédios ociosos e transformá-los em habitações poderia resolver boa parte da demanda por moradia”, defende Mendonça. Ele também critica o modelo atual, que prioriza albergues e medidas paliativas, em vez de soluções definitivas.