No ciclo de definir novas resoluções e buscar novos caminhos, muitas mulheres se veem diante de um obstáculo silencioso, mas poderoso: a dificuldade em estabelecer limites e se posicionar. Embora o início de 2025 traga um momento propício para transformar hábitos e prioridades, essa habilidade essencial para a assertividade ainda é um desafio. Ao longo dos anos, muitas mulheres foram condicionadas a desempenhar papéis de agradar, cuidar e sempre se colocar em segundo plano. Contudo, ao se privarem de colocar suas próprias necessidades em primeiro lugar, elas acabam enfrentando sobrecarga emocional e física, prejudicando sua autoestima e, muitas vezes, até mesmo sua identidade.
A psicóloga Patrícia Peixoto, especializada em neuropsicologia, explica como essa dificuldade de dizer “não” está enraizada na nossa cultura e como isso impacta diretamente a qualidade de vida das mulheres. Para ela, a sociedade tende a associar o comportamento feminino à gentileza e à colaboração constante, criando uma pressão para que as mulheres estejam sempre disponíveis, seja no âmbito pessoal ou profissional. No entanto, essa postura pode resultar em sobrecarga, relações desiguais e, em alguns casos, até na perda do próprio sentido de identidade.
Por que é tão difícil dizer “não” e como isso pode ser prejudicial?
A incapacidade de recusar pedidos ou demandas em diversos contextos pode gerar diversas consequências negativas, como:
- Sobrecarga mental e física: Ao assumir mais do que é possível, a mulher pode chegar ao esgotamento.
- Relacionamentos desiguais: A dificuldade de estabelecer limites leva a dinâmicas em que a mulher sente que está sempre dando mais do que recebe.
- Perda de identidade: Ao priorizar constantemente os outros, a mulher se desconecta de seus próprios desejos e metas.
- Baixa autoestima: A falta de assertividade pode reforçar a ideia de que as necessidades da mulher são menos importantes que as dos outros.
Estratégias para fortalecer a assertividade
A psicóloga Patrícia Peixoto propõe cinco estratégias essenciais para mulheres que buscam aprender a dizer “não” com mais confiança e respeito próprio:
- Reavaliar crenças internas: Identificar e questionar pensamentos como “se eu disser não, serei rejeitada” ou “é minha obrigação ajudar” pode ajudar a romper com padrões prejudiciais.
- Praticar a comunicação assertiva: Dizer “não” de forma clara, sem justificativas longas ou culpa, é um passo importante para reafirmar suas próprias prioridades.
- Começar com pequenas negativas: Negar pequenos pedidos é uma maneira de ganhar confiança para lidar com situações mais desafiadoras.
- Reconhecer que “não” é uma resposta completa: Não é necessário se justificar ou pedir desculpas em excesso ao recusar algo.
- Valorizar suas necessidades: Antes de dizer “sim”, pergunte-se se o pedido está alinhado aos seus limites e valores.
“Dizer ‘não’ é um ato de autocuidado. Aprender a colocar limites é essencial para preservar o próprio bem-estar e evitar relações que sugam energia. É um exercício de respeito consigo mesma, que também ensina aos outros como tratá-la”, afirma Patrícia Peixoto. Para ela, empoderar-se para dizer “não” é um processo contínuo de prática e autocompaixão, capaz de transformar a maneira como as mulheres conduzem suas relações, suas carreiras e suas vidas.
Fonte: Patrícia Peixoto – Psicóloga e Neuropsicóloga, CRP 06/134912
Instagram: @patriciapeixotopsicologa