O peso argentino foi a grande surpresa econômica de 2024. Com um aumento real de 44,2%, a moeda liderou os rankings globais, deixando economistas e investidores intrigados. Essa valorização, divulgada pelo Financial Times, contrastou com o desempenho de outras moedas da região, como o real brasileiro, que teve uma desvalorização superior a 10%.
Impactos na economia e no mercado interno
O fortalecimento do peso trouxe mudanças significativas para a economia argentina. A média salarial em dólares no mercado paralelo quase dobrou, alcançando US$ 990. Além disso, o preço de produtos básicos também refletiu a valorização. O Big Mac, que antes custava US$ 3,80, passou a ser vendido por US$ 7,90.
No entanto, o chamado “super peso” não trouxe apenas boas notícias. Especialistas alertam que a alta pode prejudicar a competitividade das exportações, um dos pilares econômicos do país. A diferença entre as cotações oficial e paralela, que antes era de cerca de 200%, caiu para apenas 20%.
A liderança de Javier Milei e os desafios futuros
O presidente Javier Milei, em seu primeiro ano de governo, colheu os frutos dessa valorização. Sua taxa de aprovação atingiu 56%, impulsionada pela percepção de controle sobre a economia. Apesar disso, Milei enfrenta desafios significativos. Ao desvalorizar o peso em 54% no início de seu mandato, ele estabeleceu controles cambiais rígidos, o que ajudou a estabilizar a moeda mesmo diante de uma inflação anual de 112%.
Por outro lado, o Banco Central argentino está sob pressão. A manutenção das reservas cambiais se tornou um desafio, especialmente diante de choques externos, como a desvalorização do real e tensões comerciais globais.
Riscos e perspectivas para o super peso
Embora o desempenho da moeda argentina tenha sido amplamente celebrado, especialistas enfatizam os riscos. O fortalecimento do peso, aliado à alta inflação, pode criar desequilíbrios no médio prazo. Além disso, o aumento dos preços em dólar reduz a competitividade dos produtos argentinos no mercado internacional.
A valorização trouxe benefícios claros para a população, como o aumento dos salários e a redução da diferença entre as cotações. Contudo, economistas alertam que essa estabilidade pode ser temporária, especialmente se os preços internacionais continuarem a subir ou se houver pressões externas.