A Polícia Federal prendeu, nesta terça-feira (17), um delegado e três policiais civis de São Paulo acusados de colaborar com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação, batizada de “Tacitus”, também cumpriu mandados de busca e apreensão em cidades do interior paulista, como Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.
Esquema de corrupção e proteção ao crime
As investigações revelaram que os policiais envolvidos manipulavam investigações, vazavam informações sigilosas e garantiam proteção a criminosos. Além disso, eles facilitaram a lavagem de dinheiro do PCC por meio da compra de imóveis utilizando empresas de fachada.
Segundo a PF, a organização criminosa movimentou mais de R$ 100 milhões desde 2018 com o auxílio desses agentes. A operação contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.
Delegado delatado e novas provas
O delegado preso foi identificado como Fábio Baena, acusado pelo empresário Vinícius Gritzbach em delação premiada. Gritzbach, que também tinha ligação com o PCC, foi executado no Aeroporto de Guarulhos em novembro deste ano. Sua delação apontou o envolvimento de Baena e de outros policiais no esquema criminoso.
Além do delegado, os policiais civis Eduardo Monteiro, Marcelo Ruggeri e Marcelo “Bombom” foram detidos. Outro policial, Rogério de Almeida Felício, é considerado foragido.
Detalhes da operação
A Justiça autorizou oito mandados de prisão temporária e 13 de busca e apreensão. A operação envolveu 130 agentes da Polícia Federal e promotores do Ministério Público de São Paulo. Além das prisões, foram realizadas medidas como o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens dos investigados.
A operação “Tacitus”, que significa “silencioso” em latim, faz referência à forma discreta com que a organização criminosa atuava para ocultar suas atividades ilícitas.
Os suspeitos vão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais. De acordo com a PF, as penas somadas podem chegar a 30 anos de prisão.
O advogado dos policiais Fábio Baena e Eduardo Monteiro classificou as prisões como “arbitrárias” e afirmou que os fatos já haviam sido investigados anteriormente. Em nota, ele ressaltou que os acusados sempre colaboraram com as investigações e se apresentaram espontaneamente à polícia.