Menos de 43% dos empresários conseguiram fechar as contas do CPF e do CNPJ em azul
Ao iniciar um negócio, a preocupação do empreendedor com as finanças se intensifica, já que ele precisa administrar tanto as contas pessoais quanto as do empreendimento. No entanto, uma pesquisa da Serasa Experian revela que a situação é ainda mais complicada, com menos da metade dos empreendedores conseguindo manter as duas contas em equilíbrio.
Os dados indicam que apenas 42,3% dos empresários brasileiros conseguem fechar as contas do CPF e CNPJ em dia. Por outro lado, 21,3% enfrentam resultados negativos em ambas as frentes. “Há uma relação entre a inadimplência do sócio e a da empresa. Se tomarmos o universo apenas daquelas que estão inadimplentes, vemos que para 54,4% delas o sócio principal também está inadimplente”, afirmou Cleber Genero, vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian, em entrevista à CNN.
Saúde financeira
Genero destaca que essa relação é bidirecional: um sócio que descuida de suas finanças pessoais pode estar transmitindo esse comportamento para a empresa, ou a empresa, ao enfrentar dificuldades, torna-se um fardo financeiro. “Com isso, o sócio, para manter o negócio vivo, vai aportando capital cada vez mais e, muitas vezes, se endividando por conta disto até ele próprio se tornar inadimplente”, acrescent ouGenero.
Entre os fatores que podem influenciar a inadimplência estão o nível de inadimplência do consumidor e as altas taxas de juros no país. “Quando o consumidor não paga algum compromisso financeiro, é o outro lado do balcão que deixa de receber algo que deveria ter entrado no seu caixa”, observou o porta-voz da Serasa Experian. Os dados também mostram que 55% da inadimplência do consumidor ocorre fora do sistema financeiro, ou seja, a dívida é contraída com empresas de varejo, serviços, entre outras. “Aí são as empresas que vão ficar com dificuldades financeiras para pagar as suas próprias contas”, enfatizou.
Genero aponta que o cenário deve melhorar a curto prazo para os empreendedores, especialmente com a expectativa de aumento do consumo no fim do ano. No entanto, o alívio pode ser breve. Com a previsão de que os juros continuarão a subir até o início de 2025, o porta-voz da Serasa alerta para a deterioração do quadro.
Ele também destaca a importância das pequenas e médias empresas (PMEs) na economia, que representam 30% do Produto Interno Bruto (PIB). “Com o aumento da negativação, as micro e pequenas empresas terão mais dificuldade em acessar crédito. As que conseguirem, enfrentarão condições de crédito mais onerosas. Essa situação afeta a gestão financeira das PMEs, resultando em uma desaceleração da economia”, conclui.
Idade das empresas
A pesquisa ainda revela uma correlação entre a saúde financeira das empresas e sua idade. Enquanto a maioria das empresas inicia com suas contas e as dos sócios em dia (66,7%), com o passar do tempo, a situação tende a se agravar. Quando as empresas ultrapassam os 20 anos, menos de 38% delas e de seus sócios não estão negativados.
De acordo com a CNN, sobre o cenário em que as empresas estão negativadas e os sócios não, Genero explicou que muitos empresários se endividam no início do negócio para investir seu próprio capital. No caso, isso pode resultar em contas pessoais no vermelho enquanto a empresa se mantém saudável.
Segundo a pesquisa, apenas 1% das empresas nascem negativadas, mas com sócios adimplentes. Enquanto isso, 31,2% começam com as contas em dia, mas com donos devendo. “Empresas recém-abertas geralmente têm uma injeção inicial de capital do sócio principal, o que pode garantir uma sobrevida inicial. Somente com o tempo é que se torna possível avaliar a viabilidade do negócio”, explica Genero.