Brasil avalia soltar nota oficial após possível prisão de González

Brasil avalia soltar nota oficial após possível prisão de González
Os auxiliares de Lula listaram ao menos três motivos para continuar com as pontes com o governo Maduro – Reprodução Instagram (@egonzalezurrutia)

Interlocutores próximos de Lula, presidente do Brasil, mostraram apreensão com a prisão do opositor de Maduro

No Brasil, a ordem de prisão do candidato oposicionista Edmundo González Urrutia, na Venezuela, é vista como “inaceitável” e “péssimo sinal” por interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, o governo avalia se solta uma nota oficial nesta terça-feira (3), e demonstra preocupação com as tensões.

De acordo com a CNN, a apreensão do governo brasileiro é com a escalada autoritária da política de Nicolás Maduro. Entretanto, os assessores presidenciais apontam um “dilema” para o Itamaraty e o Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo que há a pretensão de indicar uma insatisfação com as movimentações de Maduro, o objetivo é não fazer a Venezuela ter um isolamento internacional maior e não romper o diálogo completamente.

Além disso, o Brasil continuará sem reconhecer a vitória presidencial de Maduro e exigirá a apresentação das atas eleitorais. No entanto, endurecer a estratégia, como declarar a Venezuela uma ditadura, está fora dos planos.

Brasil e Venezuela

Os auxiliares de Lula listaram ao menos três motivos para continuar com as pontes com o governo Maduro:

  • Brasil e Colômbia têm fronteiras com a Venezuela.Por conta disso, pode acontecer uma emigração e o aumento de tensões geopolíticas;
  • Seis oposicionistas perseguidos pelo governo venezuelano estão refugiados na embaixada da Argentina em Caracas. Por isso, é importante ter cautela diante da responsabilidade de proteger os cidadãos;
  • Enquanto tiver a chance de uma saída organizada, a preservação da capacidade de diálogo com Maduro poderá ser um ativo futuramente. O diálogo também poderá ser importante caso haja um agravamento maior da situação política. Isso fará o Brasil um dos poucos países do Ocidente capaz de lutar pelo respeito aos direitos mínimos dos opositores de Nicolás Maduro.

Atualmente, tanto no Itamaraty quanto no Planalto, a percepção é de que o presidente venezuelano não está disposto a negociar e está convencido (com a aceitação de todos ao seu redor) a continuar no poder. Isso se contrapõe à expectativa, alimentada depois das eleições do dia 28 de julho, de que ele possa abrir espaço para alguma saída negociada em caso de confirmação de sua derrota.