Poder Arte: “Exposição Julio Le Parc: Couleurs” na Galeria Nara Roesler

Installs_JLP_Couleurs_Foto: FlavioFreire

Um dos mestres da arte cinética, o argentino radicado em Paris desde os anos 1950, e ativo aos 96 anos, mostra cerca de 50 obras recentes e inéditas – pinturas, desenhos, um móbile em grandes dimensões, com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas estruturas luminosas, em que a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.  Entre as obras, que ocuparão dois andares da Nara Roesler São Paulo, um conjunto de treze pinturas da série “Alquimias”criadas este ano que, vistas de longe parecem nuvens cromáticas que vibram, e de perto se percebe as mínimas partículas de cor presentes nas composições.

 Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar a exposição “Julio Le Parc: Couleurs”, com aproximadamente 50 trabalhos inéditos e recentes do gênio da arte cinética, ativo aos 96 anos. Argentino de Mendoza, radicado em Paris desde os anos 1950, Le Parc deu à exposição um título em francês, que significa “Cores”. As pinturasdesenhos, um grande móbile com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas obras luminosas ocupam dois andares da Nara Roesler.

Installs_JLP_Couleurs Foto: FlavioFreire

 Estão na exposição um conjunto de treze pinturas, com tamanhos que variam de três metros a 1,5 metro, criadas em 2024 da série “Alquimias”, em que Le Parc se debruça sobre o estudo da cor, suas diferentes paletas e os resultados obtidos a partir da interação entre elas. Sua paleta é constituída de catorze tonalidades, que vem utilizando desde 1959, e que vai desde tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, até os mais frios, como o azul e o roxo.  No entanto, nas “Alquimias”, as cores são reduzidas a pequenos fragmentos, como se fossem partículas, que se agrupam e se organizam de diferentes maneiras. Vistas de longe, o espectador tem a sensação de estar diante de nuvens cromáticas que vibram conforme as tonalidades se friccionam entre si, mas, de perto, ficam visíveis as partículas de cor presentes nas composições.

Outra série pictórica presente na mostra é a em que Le Parc coloca lado a lado faixas de cor que vão dos tons mais quentes aos mais frios, e que através de esquemas sinuosos as cores se intercalam, criando uma superfície dinâmica. São elas “Ondes 174” (2024), 200 x 200 x 3,5 cm, “Gamme 14 couleurs Variation 8” (1972/2024), “Gamme 14 couleurs Variation 7” (1972/2024), ambas com 100 x 100 x 3,5 cm, e “Théme 72-7” (1973/2023), todas elas em tinta acrílica sobre tela.

Installs_JLP_Couleurs Foto: FlavioFreire

 

Obras tridimensionais de Julio Le Parc, uma de suas marcas de beleza e de experimentos cinéticos, estão também na exposição: “Mobile Color” (2024), com placas de acrílico coloridosuspensas por fio de nylon, totalizando quase quatro metros de altura por 3,5m de largura, em que o artista propõe a mesma transição cromática nas séries de pinturas expostas; e as duasestruturas luminosas – “Continuel lumière” (1960/2023) e “Continuel lumière – verte” (1960/2023), ambas em madeira, acrílico, luz e folha colorida, medindo 124 x 35 x 27 centímetros, que contém placas de acrílico coloridas com padrões geométricosUma vez acesas, a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.

Installs_JLP_Couleurs – Foto: FlavioFreire

DESENHOS – ESTUDOS DE COR

Um conjunto de 27 desenhos feitos em técnica mista sobre papel, com 29 x 21 cm cada, chamados de “Proyectos para alquimia”, revela ao público o processo criativoexperimentalde Le Parc, nos estudos de cor feitos para suas pinturas da série “Alquimia”.

O principal interesse poético de Julio Le Parc é o estudo do movimento, que ao longo de sua trajetória foi explorado das mais diversas maneiras: por meio de pinturas, experimentações com espelhos e outras superfícies reflexivas, instalações, motores e mesmo instalações mais ousadas, como o conjunto que realizou na Bienal de Veneza de 1966 que, para incluir o espectador, transformou a instalação em um parque de diversões.

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SOBRE JULIO LE PARC

Julio Le Parc (1928, Mendoza, Argentina) é reconhecido internacionalmente como um dos principais nomes da arte óptica e cinética. Ao longo de seis décadas, ele realizou experiências inovadoras com luz, movimento e cor, buscando promover novas  relações entre arte e sociedade a partir de uma perspectiva utópica. Suas telas, esculturas e instalações abordam questões relativas aos limites da pintura a partir de procedimentos que se aproximam da tradição pictórica na história da arte, como o uso de acrílico sobre tela, ao mesmo tempo que investigam potencialidades cinéticas em assemblages, instalações e aparelhos maquínicos que exploram o movimento real e a atuação da luz no espaço.

Pioneiro do gênero óptico e cinético, Julio Le Parc foi cofundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), um coletivo de artistas que se propunha a incentivar a interação do público com a obra, a fim de aprimorar suas capacidades de percepção e ação. De acordo com essas premissas, somadas à aspiração bastante disseminada na época de uma arte desmaterializada, indiferente às demandas do mercado, o grupo se apresentava em locais alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio Le Parc, feitas com nada além da interação entre luz e sombra, são resultado direto desse contexto, no qual a produção de uma arte fugaz e não vendável assumia claro tom sociopolítico.

Julio Le Parc vive e trabalha em Paris, França. Exposições individuais recentes incluem: Julio Le Parc: Un Visionario, no Centro Cultural Néstor Kirchner (2019), em Buenos Aires, Argentina; Julio Le Parc 1959, no The Metropolitan MuseumofArt (The Met Breuer) (2018), em Nova York, EUA; Julio Le Parc: da forma à ação, no Instituto Tomie Ohtake (ITO) (2017), em São Paulo, Brasil; Julio Le Parc: FormintoAction, no Perez ArtMuseum (2016), em Miami, EUA. Seus trabalhos figuraram, recentemente, nas seguintes exposições coletivas: Action<->Reaction: 100 Years ofKineticArt, no Kunsthal Rotterdam (2018), em Rotterdam, Países Baixos; The Other Trans-Atlantic: Kinetic&OpArt in Central & Eastern EuropeandLatinAmerica 1950s-1970s, no Garage MuseumofContemporaryArt (2018), em Moscou, Rússia, no Sesc Pinheiros (2018), em São Paulo, Brasil, e no MuseumofModernArt (2017), em Varsóvia, Polônia; Kinesthesia: Latin American KineticArt, 1954-1969, II Pacific Standard Time: LA/LA (II PST: LA/LA), no Palm Springs ArtMuseum (PSAM) (2017), em Palm Springs, EUA; Retrospect: Kinetika 1967, no Belvedere Museum (2016), em Viena, Áustria; The Illusive Eye, no El Museo del Barrio (2016), em Nova York, EUA. Seus trabalhos fazem parte de importante coleções, tais como: Daros Collection, Zurique, Suíça; Los Angeles County MuseumofArt, Los Angeles, Estados Unidos; Musée d’Art Moderne de laVille de Paris, Paris, França, e The MuseumofModernArt (MoMA), Nova York, Estados Unidos; entre outras.

SOBRE NARA ROESLER

Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, representa artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; e apoiou seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.

Serviço: Exposição “Julio Le Parc: Couleurs”

Até: 19 de outubro de 2024
Entrada gratuita
Nara Roesler, São Paulo
Avenida Europa, 655
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h
Telefone : 55 (11) 2039 5454