Balada de Gisberta: a história da mulher trans que inspirou música de Bethânia

Gisberta Salce foi torturada por um grupo de adolescentes brasileiros, durante uma semana, em um edifício abandonado onde ela vivia

Balada de Gisberta: a história da mulher trans que inspirou música de Bethânia
Gisberta Salce, assassinada em Portugal aos 45 anos – Foto: Instagram @tecerdocorpo

A música “Balada de Gisberta”, interpretada em primeira pessoa por Maria Bethânia, narra a história da transexual brasileira Gisberta Salce. Pedro Abrunhosa compôs a canção, que a artista gravou no álbum “Amor Festa Devoção” (2010).

Em 2006, aos 45 anos, Gisberta se tornou notória após um grupo de 13 adolescentes brutalmente a assassinar na cidade do Porto, em Portugal, motivado por transfobia. Ela era uma mulher trans, soropositiva, vivia em situação irregular no país e estava sem-teto.

Durante uma semana, os adolescentes torturaram Gisberta em um edifício abandonado. Eles a aprenderam e a atacaram com pedras na cabeça, a espancaram com pedaços de madeira e chutes, além de submetê-la a tortura sexual. No dia seguinte ao crime, os adolescentes jogaram Gisberta Salce no fundo de um poço, mesmo sabendo que ela ainda estava viva.

Tragicamente, ela acabou falecendo por afogamento, confirmado pela autópsia. Entretanto, um dos envolvidos confessou o crime a uma professora, o que alertou a polícia e resultou na prisão dos 13 jovens.

A maioria foi sentenciado a um ano em centros educativos, enquanto o mais velho, de 16 anos na época, recebeu oito meses de prisão.

Quem era a Gisberta Salce de “Balada de Gisberta”?

Gis deixou o Brasil aos 18 anos por medo da violência contra travestis e pessoas trans. Além disso, segundo relatório da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), de 2023, o país segue em primeiro lugar no ranking de nações que mais matam pessoas trans e travestis no mundo.

Movimento LGBTQIAP+

Gisberta se tornou um símbolo na luta contra a transfobia no país após seu trágico fim. O crime inspirou a realização da primeira Marcha do Orgulho LGBT de Porto, em 2006.

De acordo com Splash, a morte dela também levantou debates em relação à forma como a imprensa trata assuntos assim. À época, a brasileira chegou a ser chamada de “homem de mamas” pelos jornais locais.

Escute a canção de Maria Bethânia abaixo