Em abril de 2024, as contas externas do Brasil apresentaram um saldo negativo de US$ 2,52 bilhões, uma piora significativa em comparação ao déficit de US$ 247 milhões registrado em abril de 2023, segundo dados do Banco Central (BC). Esse aumento no déficit é atribuído à redução do superávit comercial e ao aumento dos déficits em serviços e renda primária. O superávit comercial caiu US$ 578 milhões, enquanto os déficits em serviços e renda primária aumentaram US$ 844 milhões e US$ 1,1 bilhão, respectivamente.
Nos últimos 12 meses até abril de 2024, o déficit em transações correntes foi de US$ 35,27 bilhões, representando 1,57% do PIB, um aumento em relação aos US$ 33 bilhões do mês anterior, mas uma melhoria em comparação aos US$ 50,65 bilhões (2,52% do PIB) do mesmo período em 2023. Segundo Fernando Rocha, do Departamento de Estatísticas do BC, o déficit é considerado baixo para a economia brasileira e está sendo financiado por investimentos diretos, que somaram US$ 3,87 bilhões em abril de 2024, um aumento de 26% em relação ao ano anterior.
A balança comercial registrou exportações de US$ 31,36 bilhões e importações de US$ 24,56 bilhões em abril, resultando em um superávit de US$ 6,8 bilhões, uma leve diminuição comparada ao superávit de US$ 7,38 bilhões de abril de 2023. O aumento nas importações, especialmente de criptoativos, contribuiu para a redução do superávit comercial.
O déficit na conta de serviços foi de US$ 3,99 bilhões em abril de 2024, um aumento de 26,9% em relação a abril de 2023. Este aumento é impulsionado por maiores despesas em transportes, aluguel de equipamentos e propriedade intelectual, com um destaque para o crescimento significativo nas despesas com serviços digitais. Em contrapartida, o déficit em viagens internacionais diminuiu 30,5%, com aumento nas receitas de turistas estrangeiros no Brasil.
Em renda primária, o déficit foi de US$ 5,48 bilhões, um aumento de 25% em relação a abril de 2023, com despesas líquidas com juros e lucros e dividendos aumentando consideravelmente. Já a conta de renda secundária apresentou um superávit de US$ 154 milhões, revertendo o déficit de US$ 95 milhões de abril de 2023.
Os investimentos diretos no país (IDP) acumulados em 12 meses totalizaram US$ 67,34 bilhões em abril de 2024, indicando um fluxo estável e de qualidade. No entanto, houve uma saída líquida de US$ 6,68 bilhões em investimentos de carteira no mercado doméstico em abril de 2024, refletindo a volatilidade característica desse tipo de investimento. As reservas internacionais do Brasil ficaram em US$ 351,6 bilhões em abril, uma redução de US$ 3,41 bilhões em relação ao mês anterior.