O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou esforços para indicar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a presidência da Vale, uma das maiores mineradoras do Brasil. O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ligou para conselheiros da empresa, defendendo a escolha de Mantega para a presidência. A reunião do comitê de acionistas, que decidirá sobre a sucessão na mineradora, está marcada para a próxima terça-feira.
Lula deseja que Mantega desempenhe um papel destacado na gestão da empresa, não apenas como um coadjuvante. O governo busca empoderar Mantega na disputa, mesmo que exista uma proposta intermediária, onde Mantega ocuparia um assento no conselho de administração por um período mais curto. A informação sobre a pressão do governo afetou os preços das ações da Vale, impactando também as ações da Petrobras na Bolsa de Valores.
O processo é considerado de alto risco no conselho de acionistas, pois a chance de Mantega ser eleito pela maioria é vista como improvável, dado que a Vale opera como uma “corporation” privatizada, onde nenhum acionista possui mais de 10% da empresa. O governo, no entanto, possui instrumentos para influenciar a Vale, como direitos minerais e de concessão de ferrovias.
O Ministro Alexandre Silveira enfrenta pressões, com deputados na área de mineração ameaçando propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) se a ação do governo se concretizar. A temperatura no processo de sucessão está aumentando, com acionistas preocupados com a interferência política na Vale. A insistência de Lula por Mantega acende um sinal de alerta em parte do conselho de administração, que teme a influência política prejudicar a empresa.
O presidente Lula não ficou satisfeito com a demora do atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, em buscar aproximação com o governo. Bartolomeo aumentou seu envolvimento nas esferas políticas nos últimos meses, participando de reuniões com ministros importantes.