O PIB do agronegócio brasileiro está previsto para diminuir 0,94% em 2023 em comparação com o ano anterior, apesar do recorde na produção de grãos. O relatório da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) destaca que os produtores enfrentaram uma redução na margem de lucro devido ao aumento dos custos e à queda nos preços. Mesmo com a safra 2022/2023 alcançando 322,8 milhões de toneladas de grãos, o PIB do setor deve recuar, indicando uma diminuição de 2,2% no Valor Bruto da Produção em relação a 2022, totalizando R$ 1,24 trilhão.
A análise focada na agropecuária projeta um crescimento de 14,5% no PIB do setor em 2023, contribuindo com 47% do PIB total do Brasil. Contudo, a margem de lucro do produtor rural diminuiu, sendo evidenciada por reduções significativas na margem bruta da soja e do milho. O diretor técnico da Confederação, Bruno Lucchi, aponta que a safra foi marcada por altos custos de produção, especialmente de fertilizantes, e preços mais baixos, resultando em margens estreitas para os produtores.
A insegurança jurídica, exemplificada pelo aumento das invasões de propriedades rurais e a discussão sobre o marco temporal, também impactaram negativamente o setor em 2023. Lucchi destaca a necessidade de derrubar os vetos do presidente Lula ao marco temporal para proporcionar mais segurança jurídica aos produtores, que enfrentaram um ano desafiador com 71 invasões registradas.
Além disso, é importante mencionar que as margens dos produtores na pecuária de leite e de corte também estão menores, comprometendo a receita. A perspectiva da CNA para o próximo ano é de que o cenário de margem reduzida do produtor permaneça. Olhando para o futuro, a CNA prevê que o PIB do agronegócio em 2024 se aproxime da neutralidade ou tenha uma queda de até 2% em relação a 2023. Questões geopolíticas e alterações climáticas, influenciadas pelo El Niño, são apontadas como possíveis fatores que afetarão o desempenho do setor no próximo ano.