Breves histórias do empreendedorismo feminino

As mulheres empreendedoras já ultrapassam 10 milhões e respondem por 3 em cada 10 negócios no País. A edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE revela que as mulheres estão desempenhando um papel cada vez mais importante no mundo dos negócios, representando 34% dos empreendedores no Brasil, o que equivale a 10,3 milhões de empresárias em território nacional, alta de 30% em relação ao levantamento anterior.

No domingo, 19/11, é celebrado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, uma iniciativa das Nações Unidas para encorajar mulheres a gerenciar seus próprios negócios e exaltar as que já atuam em posições de liderança. A seguir, conheça quatro mulheres que decidiram empreender no mercado financeiro e que são referência para quem quer seguir por esse caminho.

Louise Barsi, Cofundadora do Ações Garantem Futuro (AGF)

Louise Barsi é economista, formada em Ciências Contábeis e pós-graduada em Mercado de Capitais pela Fecap. É analista CNPI, integra o Conselho de Administração da Eternit S.A. e é conselheira fiscal do Santander, da Klabin e da AES Tietê.

Filha de Luiz Barsi, um dos maiores investidores individuais da bolsa de valores brasileira, cuja fortuna é avaliada em mais de R$ 4 bilhões, Louise é a maior embaixadora da metodologia criada por seu pai nos anos 70. Investe na bolsa de valores desde os 14 anos e trabalha em corretoras desde os 17 anos. É sócia-fundadora do Ações Garantem Futuro (AGF), edtech criada para democratizar o acesso aos investimentos para pessoas comuns, com foco em investimentos em ações que pagam bons dividendos.

Quando criança, ela brincava com as notas de corretagens antigas e cresceu gastando a sola de sapato conhecendo empresas Brasil afora. Descobriu que Barsi era bilionário por acaso, em 2012, ao vê-lo entre as maiores fortunas da bolsa brasileira na capa de uma revista. Apesar da descoberta, nada mudou em sua rotina no trajeto de ônibus até Higienópolis, onde cursava economia. “Ser filha de uma grande figura do mercado pode ser um peso ou uma alavanca. Meu conselho é: estude e se prepare para agarrar todas as oportunidades.”

Tanto que, em sua decisão de pedir demissão da corretora em que trabalhava como analista de investimentos para empreender com o AGF, em 2019, ela seguiu um conselho valioso, dado pelo pai, de ter uma reserva de emergência robusta. Barsi, o pai, também sempre repete um mantra, de que o patrimônio é a métrica do ego. “Eu não empreendo apenas pelo retorno financeiro, mas pelos problemas que nosso negócio, o AGF, resolve: a chance de proporcionar uma aposentadoria digna”, diz ela. Afinal, ações garantem o futuro nessa família.

 

Sigrid Guimarães, fundadora e CEO da Alocc

Ser confundida com a irmã famosa, a atriz Ingrid Guimarães, é a coisa mais frequente na vida de Sigrid Guimarães, fundadora e CEO da Alocc. E é realmente impressionante a semelhança entre as duas, que não são gêmeas (mas essa é uma pergunta que sempre abre um sorriso em Ingrid, a irmã mais velha).

Formada em Administração pela PUC-Rio, com MBA em Finanças Corporativas pelo IBMEC-RJ e Planejadora Financeira CFP®, Sigrid foi executiva da área corporativa da holding das Organizações Globo por 13 anos e já havia fundado uma consultoria financeira em 2006, antes de se dedicar à Alocc uma gestora de patrimônio familiar que desenvolveu um método exclusivo de alocação de recursos, no modelo dos multi-family offices americanos. Hoje, ela administra R$ 10,3 bilhões de recursos de 400 famílias.

A planejadora financeira começou a fazer carteiras de investimentos nas horas vagas e, em pouco tempo, foi convencida pela família e amigos a fazer desta a sua atividade profissional. Tanto que ela investe os recursos de vários famosos, cujo nome não pode abrir por questões de confidencialidade. Sua dica de ouro para todas as mulheres é a busca pela independência financeira, algo que seus pais sempre estimularam nas filhas.

 

Carolina Cavenaghi, cofundadora e CEO da Fin4She

Foi no retorno ao trabalho após a licença-maternidade do segundo filho que Carolina Cavenaghi começou a se questionar sobre propósito e o que queria dali para frente. Com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, Carol foi executiva da gestora global Franklin Templeton por mais de 10 anos.

Mãe do Tom e do Martin, se reinventou depois da maternidade cofundando a Fin4She, empresa de impacto social com foco em equidade de gênero e temas como diversidade, empregabilidade e promoção das mulheres no mercado financeiro. Idealizou o Women in Finance Summit Brazil, evento anual que reúne mulheres do mercado financeiro, e o Young Summit, que promove a inserção no mundo do trabalho e educação financeira para o público feminino jovem. “Sempre tive o sonho de trabalhar com impacto, mas não tinha muita ideia do que era isso. Eu me reconectei com os meus sonhos e comecei a minha empresa após a maternidade”, conta Carol.

Para ela, hoje existem os que empreendem por sonho, e a grande maioria, que empreende por necessidade, o que são coisas muito diferentes. “Faça o seu planejamento financeiro. Independência financeira é o que nos permite fazer escolhas ao longo da vida. Cuide da sua rede e invista tempo em conexões verdadeiras e, principalmente, entenda que essa é uma jornada que começa em você” aconselha.

Eleita uma das 50 mulheres de impacto LATAM 2023 pela Bloomberg Línea, é formada em Relações Internacionais pela FAAP, com especialização em Marketing Estratégico pelo Insper e pós-MBA Advanced Boardroom Program for Women (ABP-W) da Saint Paul. Também é colunista da Exame desde 2021 e TEDx Speaker.

 

Ana Zucato, cofundadora e CEO da Noh

Formada em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e com mais de 12 anos de experiência em tecnologia e inovação, a cofundadora e CEO da Noh Ana Zucato, teve sua primeira experiência profissional no e-commerce de moda OQ Vestir. De lá, seguiu para outras empresas de tecnologia, como o GuiaBolso, a gigante americana Intuit, uma das maiores fintechs do mundo, e a colombiana Truoral.

Contrariando a estatística da América Latina, em que menos de 5% das startups são fundadas por mulheres, em novembro de 2021, Ana fundou a Noh, uma fintech de carteira digital e cartão compartilhado para facilitar o dia a dia financeiro de casais. Ela sempre quis seguir o caminho do pai, Mauro Zucato, ex-executivo da Gradiente e à frente de uma das maiores importadoras de artigos eletrônicos como os gadgets da Bose, por exemplo.

Ela revela que sofre com a solidão na tomada de decisões. Na outra ponta, aprendeu a confiar em seus instintos. Para a bela, empreender não é para todos, pois mexe muito com o autoconhecimento, requer vulnerabilidade, envolve muitos riscos, mexe com autoestima e confiança. “Empreender é para quem gosta de arriscar, quem pode arriscar e entende que não vai ser fácil. É para pessoas que gostam de criar cultura, que aprendem rápido e não têm medo de errar. Um conselho? “Tenha uma rede de apoio para ajudar quando a solidão bater – spoiler: é todo dia! –. e não hesite em pedir ajuda de pessoas que querem o seu bem e em quem confie.