Após o desaparecimento de armas no Exército Brasileiro, um novo diretor é nomeado em São Paulo

Foto de Specna Arms – pexel

O Exército brasileiro passa por uma reviravolta significativa, com mudanças de liderança e investigações em andamento.

O tenente-coronel Mário Victor Vargas Junior, de 48 anos, foi nomeado diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, localizado em Barueri, na região metropolitana da capital paulista. Essa nomeação foi oficializada no Diário Oficial da União (DOU) em 20 de outubro. Essa decisão ocorreu após o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista ser exonerado pelo general de Brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado Maior do Comando Militar do Sudeste. A exoneração de Batista foi uma resposta direta ao desaparecimento de 21 armas do Exército, incluindo oito metralhadoras de calibres .50 e 7.62, que estavam sob a responsabilidade do Arsenal de Guerra.

Essa situação delicada veio à tona quando as armas foram descobertas como ausentes durante uma inspeção em 10 de outubro. O Comando Militar do Sudeste adotou medidas rigorosas, determinando que cerca de 160 soldados, suboficiais e oficiais do Arsenal de Guerra de São Paulo ficassem aquartelados, sem permissão para deixar a unidade, enquanto a investigação sobre o desaparecimento das armas estava em andamento. A gravidade do caso levanta sérias questões sobre a possível ligação de militares com o crime organizado, questões que serão esclarecidas por meio de um inquérito policial militar (IPM).

As implicações desses eventos não se limitam apenas ao âmbito militar, pois há conexões diretas com a segurança pública do Rio de Janeiro. Parte das armas desaparecidas do Arsenal de Guerra de São Paulo foi posteriormente recuperada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em um carro roubado encontrado na entrada da comunidade da Gardênia Azul, localizada na Zona Oeste da cidade. De acordo com as autoridades fluminenses, essas armas inicialmente foram levadas para as favelas do Complexo da Penha, na Zona Norte, e da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, ambas controladas pela facção criminosa Comando Vermelho. Surpreendentemente, as autoridades ainda buscam informações sobre o paradeiro das outras 13 armas que continuam desaparecidas.

Marcus Amim, o novo secretário de Polícia Civil do estado, revelou que a inteligência do Exército já tinha conhecimento de que parte das armas havia sido desviada para alimentar a guerra entre o tráfico de drogas e as milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Inicialmente, houve considerações de realizar uma grande operação na Rocinha, semelhante às que ocorreram nos complexos da Maré (Zona Norte) e da Cidade de Deus (Zona Oeste). No entanto, a preferência foi aguardar o transporte das armas e capturá-las no final do trajeto, a fim de evitar confrontos violentos.

Enquanto a investigação se desenrola, a nomeação do tenente-coronel Mário Victor Vargas Junior como diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo representa uma tentativa de restaurar a ordem e a segurança no seio do Exército brasileiro. A esperança é que essa ação possa trazer mais transparência e responsabilidade às operações militares e prevenir futuros incidentes semelhantes.