O Papa Francisco alertou que o mundo, conforme o conhecemos, está à beira de um colapso iminente devido à rápida aceleração das alterações climáticas e à inércia dos líderes globais. Ele apontou as nações ocidentais desenvolvidas como as principais responsáveis por essa crise.
Em sua Exortação Apostólica intitulada “Laudate Deum,” publicada na quarta-feira, o líder da Igreja Católica Romana expressou seu lamento pelo escasso progresso alcançado desde a publicação de sua Carta Encíclica Laudato Si’ em 2015.
O Pontífice insistiu que o mundo em que vivemos está à beira de um colapso iminente, ameaçando a própria dignidade da vida humana, com consequências que são cada vez mais difíceis de ignorar, incluindo fenômenos climáticos extremos, períodos frequentes de calor anormal e secas.
Ele também desmentiu a ideia de que as nações mais pobres são majoritariamente responsáveis pelo aquecimento global, enfatizando que as emissões per capita nos Estados Unidos são cerca de duas vezes maiores do que as da China e aproximadamente sete vezes maiores do que a média dos países mais pobres. Nesse contexto, fez um apelo por uma ampla mudança no estilo de vida irresponsável associado ao modelo ocidental.
O Papa proclamou fortemente que não é mais possível duvidar da origem humana, “antrópica,” do fenômeno das alterações climáticas, observando um aumento nas temperaturas globais nos últimos cinquenta anos a uma velocidade sem precedentes nos últimos dois milênios.
Além disso, lamentou que a crise climática não seja de interesse das grandes potências econômicas, que buscam o maior lucro possível ao menor custo e no menor tempo possível, e também criticou as grandes organizações multinacionais por sua ineficácia.
O líder religioso argumentou que crises anteriores, como a grande crise econômica de 2008 e a pandemia de Covid-19, ofereceram oportunidades únicas para produzir mudanças benéficas, todas desperdiçadas.
Em 2015, antes da ratificação dos Acordos Climáticos de Paris, o Papa fez um apelo semelhante, com a participação da delegação do Vaticano nas negociações. Nos anos seguintes, a Santa Sé organizou inúmeras conferências dedicadas à luta contra as alterações climáticas, com a participação de líderes religiosos e empresariais, e Francisco proferiu muitos discursos sobre o tema, incluindo na ONU e no Congresso dos EUA.