Revista Poder

Larissa Araújo, a advogada que chorou no STF, vira trend topic

Solidariedade com defensora de Matheus Lázaro, condenado por 8 de janeiro, se sobrepõe a falhas técnicas; na sessão, Fux evoca mães de desaparecidos políticos

Larissa Lopes de Araújo || Crédito: Reprodução/TV Justiça

A advogada Larissa Araújo, que defendeu na tarde desta quinta (14) no plenário do STF o réu Matheus Lázaro, tornou-se o grande assunto do ex-Twitter na manhã desta sexta-feira. Seu choro durante a sustentação oral provocou comentários de distintos atores.

Mas comecemos por ela mesma, e pelo momento crucial de sua exposição: “Vi advogados serem humilhados, talvez por isso eu esteja com um pouco de medo aqui nessa tribuna. A OAB nunca se manifestou pra defender a gente… Eu não gosto de política, eu sempre falo pra todo mundo ‘eu não gosto de política’. Então meu choro aqui não é por partido, é pelo meu trabalho, que é tão desvalorizado, tão desvalorizado que eu nem sei pra que que eu tou falando aqui se ninguém vai me ouvir, ó que engraçado.”

No ex-Twitter, o advogado Horácio Neiva fez comentários bastante ponderados, levando em consideração que apenas revelar a humanidade – algo que, por razões óbvias vem sendo destacado na  atuação de Larissa – não é suficiente:

“A advogada estava claramente nervosa e com medo e mesmo diante das piadas, eu me solidarizo porque sei que não deve ser fácil subir naquela tribuna num caso desses. A profissão, no entanto, exige que estejamos a altura do momento. Do que pude ver aqui no Twitter, as defesas acabaram seguindo por um caminho de expressão de indignação política ao invés de se concentrar em aspectos técnicos.”

“É humano tomar para si alguns desses sentimentos, mas é preciso – isso é o que a profissão nos exige – um distanciamento inclusive para dizer: “Alguma condenação vem, então vamos tentar reduzi-la ao máximo”. Dizer simplesmente que tudo é uma farsa, jogar tudo pra cima e subir na tribuna para falar coisas desconexas ou simplesmente erradas é usar os direitos do próprio cliente como oportunidade para ‘fazer um ponto’’’. Não devemos jamais fazer isso.”

O ministro Luiz Fux fez um comentário, durante seu voto, em que acompanhou a dosimetria sugerida pelo relator Alexandre de Moraes para a punição a Lázaro, que também foi recortado pelos internautas:

“A ilustre advogada se deixou levar pela emoção da tribuna, disse que esse processo representa uma loucura. Eu acho que, na verdade, a loucura e irresponsabilidade foi desse jovem [o réu Lázaro], com a mulher grávida esperando o primeiro filho, se inserir numa reunião dessa ordem [os atos de 8 de janeiro]. E se esse golpe desse certo, chorariam de novo as mães de há muito que sequer souberam do destino de seus filhos que foram mortos e perseguidos por delitos de opinião. De sorte que se chorar adiantasse, choravam essas mães.”

Não deve ter ocorrido a Fux que as pessoas não necessariamente choram visando atingir determinado objetivo.

A OAB, citada explicitamente por Larissa, não se manifestou no ex-Twitter.

 

 

 

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