Lula fecha viagem a Índia com freestyle sobre Tribunal Penal e altivez contra UE

Lula || Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Discurso bizarro nesta segunda (11) sobre abrangência da Corte de Haia ganha repercussão; presidente também volta a cobrar acordo com Mercosul

O presidente Lula encerrou sua rápida passagem pela Índia, onde participou de novo encontro do G20 – o próximo será no Brasil –, com um discurso um tanto freestyle, aparentemente sem meditar sobre o que falava. Ganhou bastante octanagem nas redes sociais nesta segunda (11) o solo bizarro do presidente sobre a abrangência do Tribunal Penal Internacional (TPI), que obriga seus signatários, como o Brasil, a cumprir mandados internacionais – como seria a prisão de Vladmir Putin, caso o presidente russo viesse ao Brasil.

Lula disse “nem sabia da existência desse tribunal” e discorreu sobre o fato de “só os bagrinhos” (países de menor importância geopolítica) ser signatários no TPI. “Eu só quero saber porque que os Estados Unidos não é signatário (sic); porque que a Índia não é signatário (…) Eu quero saber qual é a grandeza que fez o Brasil tomar essa decisão de ser signatário.”

O Brasil, como explicou a Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, tornou-se signatário em 2000, no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. Antes de se eleger, Lula já havia invocado um tribunal internacional ao dizer que Jair Bolsonaro responderia perante essa corte pela gestão da pandemia.

O site Metrópoles obteve do porta-voz do TPI declaração nesta mesma segunda. Como estado partícipe, o Brasil teria “obrigação de cooperar com a Corte”, ratificou o porta-voz.

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Mas nem tudo foi freestyle. Lula também voltou a usar o tom altivo para enfatizar suas diferenças com a União Europeia no jogo duro com o Mercosul. O acordo que já leva 22 anos e não sai do papel, segundo o presidente, pode, a depender de sua vontade, ser finalizado. “Estou com vontade de fazer o acordo enquanto eu sou presidente do Mercosul”, disse, para logo em seguida complementar que “a gente [Brasil] não aceita ameaça de sanções”.

As sanções surgiram numa carta adicional da UE (“recusada por nós”, disse Lula) ao acordo. Elas entrariam em cena caso os países do Mercosul descumprissem cláusulas ambientais. Lula também criticou o veto europeu a compras governamentais.

Elas são um “instrumento de política industrial de cada país (…) para fomentar o pequeno e medio empreendedor (…)”

“Isso é o mínimo que se espera de um governo que quer reindustrializar o país.”