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As atrações das capitais e outras cidades do Brasilzão: a magnífica Serra da Capivara, no Piauí, e sua concentração gigantesca de pinturas rupestres

Crédito: Arquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por ter uma muito reduzida faixa litorânea, o Piauí é um dos estados mais ignorados do país quando se pensa em turismo convencional, padrão CVC, digamos. Mas ele tem alguns parques nacionais de beleza extrema. Já falamos aqui de Sete Cidades e agora chegou a vez do exuberante Parque Nacional da Serra da Capivara.

A principal porta do Parque está em São Raimundo Nonato, cidade a 500 quilômetros ao sul de Teresina e a cerca de 350 a noroeste de Petrolina, no sertão de Pernambuco. As estradas, especialmente desde Pernambuco, estão longe de ser autobahns alemãs, mas o desembarque em Nonato compensa, com sobras, o possível perrengue.

O Parque da Serra da Capivara tem a maior coleção de pinturas rupestres do mundo. Estima-se que datem de 12 mil a 20 anos, configurando, assim, os vestígios mais remotos da chegada do homem às Américas. As pinturas também tem um temário diversificado, raramente encontrado em outros sítios arqueológicos do mundo. Cenas de caça são comuns a todas, mas na Capivara abundam figuras humanas em interações complexas, como durante a cópula, no trabalho de parto ou até mesmo infligindo castigos.

O jornal The New York Times, que selecionou em 2022 o local como único “venue” brasileiro de sua lista de 52 atrações mundiais, informou certa cronologia do local.

Para o jornal, a história (recente) pode ter seu início com a chegada da arqueóloga paulista Niède Guidon à região na década de 1960. Ciente de que descobrira um tesouro nível Machu Picchu, lutou para convencer o governo a transformá-lo em Parque Nacional; e foram não poucas as vezes em que foi ameaçada de morte por caçadores e grileiros. O local tornou-se parque em 1979; patrimônio cultural da Unesco, em 1991.

Niède ainda criou maneiras de engajar a comunidade vizinha na proteção ao parque, criando, por exemplo, núcleos de artesanato – as peças reproduzem os motivos encontrados nas cavernas – e capacitando guias, entre outras profissões.

Há uma controvérsia científica famosa na Serra. Niède sustenta que pedaços de carvão e pedras modificadas pela ação do homem encontrados por ela e sua equipe datam de 32 mil anos. Isso vai de encontro ao consenso de que a chegada dos humanos ao continente americano pelo Estreito de Bering, no Alasca, não ocorreu antes de 15 mil anos atrás.

Seja quantos forem os milênios, a viagem é inesquecível.

 

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