Fuga de capital é “narrativa”, diz dirigente da Fenafisco, e taxação de super-ricos ganha reforço involuntário

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Defesa de política tributária progressiva, que promete embalar discussão no Congresso Nacional, recebe apoio de quem imagina defender o contrário

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense publicada nesta segunda (4), o presidente da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), Francelino Valença, endossou as medidas do governo federal para a taxação de super-ricos.

Para ele, a hipótese de “fuga” de capital é “narrativa”, mais precisamente, uma “narrativa de ameaça construída ao longo de décadas”. Valença antevê uma discussão difícil com o Congresso, em que se dará uma “tensão de forças” – que, ao que tudo indica, já está havendo.

Francelino explicou como a narrativa criou sua verdade própria: “As taxações progressivas sobre a renda não fizeram as pessoas que empreendem, que tem patrimônio, retirá-lo do país. Isso não aconteceu nos países desenvolvidos, na Alemanha, na França.  (…) Dizer que se aproximar de nações desenvolvidas vai espantar o capital é algo surreal.”

E segue:

“O que acontece é que há uma casta que praticamente não paga tributo no país. Isso não é razoável, justo, ético ou moral.”

A publicação de um texto assinado na Folha de S.Paulo no sábado (2), cujo título é “Ser rico não é pecado”, parece que involuntariamente engajou nas redes os que buscam uma política tributária menos regressiva – e mais justiça social num país em que ela falta miseravelmente.

Na internet, talvez imaginando que falaria à sua tribo, um candidato a influencer da Faria Lima usou de uma famosa quadra libertária no domingo (3) para passar uma mensagem de fé no que pareceu ser o anarcocapitalismo.

Ele virou heroi da esquerda nesta segunda-feira.