A CPI das pirâmides financeiras, uma das várias que dominam o Congresso Nacional, recebe na manhã desta quinta-feira (31) o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho. O craque comparece como testemunha para falar, ou melhor, para ficar boa parte do tempo em silêncio, sobre a empresa 18k Ronaldinho, de que é sócio, companhia que teria produzido R$ 100 mi em prejuízo a investidores.
Segundo o ex-jogador, ele não autorizou o uso da imagem para a venda de criptomoedas e é, ele próprio, vítima de duas pessoas que teriam urdido o esquema.
Mas o que importa aqui é a maneira como os parlamentares se aproveitam da celebridade para solar e usar a “segunda tela”, as redes sociais, mixando frases que eles próprios proferem com imagens do jogador.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que não é membro da CPI e estreou nesta quinta-feira na comissão, passou cerca de oito minutos defendendo o jogador, enaltecendo projetos sociais dele – algo claramente distante do objeto da sessão – e, claro, detonando o governo Lula 3. Dá-lhe “dinheiro na cueca”, “desequilíbrio de parafuso”, “acordos secretos com a China” etc.
Carla ainda falou que os deputados “querem exposição sem se preocupar se isso vai manchar a imagem de um atleta”.
A fala da deputada foi refutada pelo relator, Ricardo Silva (PSD-SP), que disse que o PL, partido de Carla, aprovou por unanimidade a convocação de Ronaldinho. E disse que “foram mais de cem convocações, e 99% [dessas convocações de] não famosos”.
O deputado Bibo Nunes (PL-RS) também estava ali para usar o jogador como escada, fazendo defesa incondicional da testemunha. Para isso, abriu sua fala dizendo que Ronaldinho “já me deu muito tremor com as as jogadas dele”.
“Eu como Colorado já sofri muito. Então teria motivo aqui para ter antipatia, se fosse o caso.” [Ronaldinho surgiu no futebol jogando pelo Grêmio, rival do “Colorado”, apelido do Internacional, time do parlamentar]
Bibo e Carla, por alguma razão, fizeram também questão de dizer que Maradona era drogado e “cheirava cocaína”, talvez por achar que atacar ídolos argentinos, vivos ou mortos, pegue bem junto ao eleitorado.