O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), usa as redes sociais da mesma forma que usa a imprensa – cirurgicamente. Quando quer passar algum recado, vai ao ex-Twitter ou faz um rodízio com entrevistadores das emissoras de TV all news, todos sedentos para abrir-lhe os microfones.
Pois bem, nesta quinta (31), após oito dias sem se manifestar no ex-Twitter, quando tributou a morte do ex-ministro Francisco Dornelles, ele voltou à rede de Elon Musk para dizer que teve “o prazer” de liderar a votação que aprovou extensão da desoneração de contribuição previdenciária por mais quatro anos para 17 setores na Câmara Federal. Segundo Lira, esses setores empregam 9 milhões de brasileiros.
O programa foi iniciado em 2011, no primeiro ano de Dilma Rousseff, e permite que empresas dos setores elegíveis para a desoneração troquem o imposto previdenciário sobre a folha de pagamentos por uma alíquota incidente sobre o faturamento bruto.
Tive o prazer de conduzir a votação em que a Câmara aprovou a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores importantíssimos da economia até dezembro de 2027. Elas pagarão menos encargos e gerar mais empregos – atualmente já empregam 9 milhões de pessoas.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) August 31, 2023
A palavra “prazer” não deve passar despercebida no tuíte de Lira. Na segunda postagem do fio, ele falou também da inclusão de pequenos municípios no programa. “Município” é outro vocábulo a ser considerado.
Ocorre que o próprio Lula, nesta mesma quinta, lançou dúvidas sobre a matéria aprovada na quarta (30). Em agenda em Teresina, capital do Piauí, disse, conforme registrou a agência Brasil, do governo federal:
“Cada vez que for discutir desoneração, é preciso cuidar de colocar os empresários, os trabalhadores e o governo, porque é preciso saber se a desoneração vai beneficiar só o empresário ou se vai beneficiar os trabalhadores, que trabalham naquela empresa e têm o direito de ganhar alguma coisa pelo benefício que o governo deu”.
E sobre os municípios:
“Cada vez que desonera, que o governo federal perde receita, no fundo, quem perde receita é o município que recebe do Fundo de Participação dos Municípios, que [se] não tem dinheiro, não vai para ele.”
Como diriam os humoristas de stand up, “cat fight”.