Assim como fazia Jair Bolsonaro em suas lives noturnas, Lula repisa seus temas de eleição e conta histórias parecidas, quando não exatamente as mesmas, em seu monólogo – digo, diálogo – semanal com o entrevistador Marcos Uchôa, ex-repórter da TV Globo que em 2022 abortou uma candidatura a deputado federal pelo PSB fluminense na undécima hora.
A live presidencial desta manhã de terça-feira (29) girou novamente em torno do tema da desigualdade social e de oportunidades, e o esforço que ele, como chefe de estado, pretende empreender para mudar essa situação. Outros temas de eleição apareceram, como o pleito histórico por mudanças no Conselho de Segurança da ONU – com a entrada do Brasil nele –, nova tentativa de reconstrução de uma indústria naval no Brasil e acenos para o micro e médio empreendedor, que pode ensejar um novo ministério para acomodar a base aliada.
Lula usa recursos intuitivos de storyteller para passar seus recados. Como dizer ter ouvido uma conversa de um empresário a seu filho dizendo que imposto de herança nos Estados Unidos é 40%, e, no Brasil, 4%; ou falar, pela enésima vez, que o sujeito que sai para procurar emprego um dia se cansa e prefere nem mais sair de casa com vergonha de ser visto “vagabundando”. “Ele deixa de ir jogar dominó no bar”, disse.
O presidente usou mais de uma vez a expressão “indignar a sociedade”. Para ele, ver pobre “passando fome” no Brasil virou algo normal, como se isso “fosse coisa de Deus”. “É coisa de Deus coisa nenhuma”, disse. Tudo isso serviu para o presidente, em dado momento, comentar os projetos de lei de taxação dos super-ricos e de valores mantidos em offshores enviados pelo Executivo para o Congresso Nacional na segunda (28).
Lula falou ainda um pouco de sua agenda, que tem viagens marcadas para Piauí e São Paulo (pautas do desenvolvimento social e educação, respectivamente) e depois para a Índia, para encontro do G-20.
Disse ter parabenizado o primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, pelo sucesso em sua primeira missão lunar; Modi então lhe teria falado que outros vários foguetes são desenvolvidos por estudantes em seu país. Isso deu azo para o presidente falar no acordo para levar uma sucursal do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), baseado em São José dos Campos (SP), para o Ceará – os alunos cearenses historicamente se destacam no difícil vestibular da instituição.
Também falou em fundar uma faculdade de matemática para o Rio para que os superdotados tenham condição “de ser gênios”.