Delgatti diz que Bolsonaro pediu para assumir grampo em Moraes, e ex-presidente compara número de ministérios

Walter Delgatti Neto || Crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Relatos do “hacker de Araraquara” complicam ex-presidente, que, nas cordas, vai ao ex-Twitter cotejar número de ministros dele com os dos governos do PT

O depoimento do hacker Walter Delgatti à CPMI de 8 de Janeiro nesta quinta (17) é tão bombástico e cheio de relatos criminosos que talvez ele, o depoimento, possa ser desqualificado justamente por sua enorme gravidade. Faltaria verossimilhança ao depoimento caso ele fosse escrito por um ficcionista. A presidência errática de Jair Bolsonaro, contudo, lhe dá crédito.

Dentre os vários relatos cabeludos expressos por Delgatti, há o que Bolsonaro teria pedido a ele que assumisse a autoria de um grampo telefônico que perscrutava o ministro do STF, Alexandre Moraes. Se desse ruim, e Delgatti fosse preso, 0 hacker receberia indulto presidencial.

A coisa é grande, há diversos outros depoimentos comprometedores, e, como era de se esperar, os parlamentares, membros da comissão ou não, estão babando nas redes sociais. A relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), sempre ponderada, disse no ex-Twitter que “é o depoimento mais bombástico com informações gravíssimas e que a CPMI precisa fazer o aprofundamento da investigação desses dados, fatos e pessoas apontadas”.

Na mesma rede, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), de vocação mais lacradora, sintetizou sem usar as mesmas palavras sua inquirição a Delgatti: “Bolsonaro pediu a você para invadir as urnas? [Delgatti] Sim, e eu expliquei que seria impossível. Ele deve ter ficado triste, né?”

O depoimento ganhou um pouco mais de emoção, como se fosse necessário, quando Sergio Moro fez suas inquirições, e o hacker chamou o ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a soldo da transnacional Alvarez & Marsal e atual senador pelo Paraná de “criminoso contumaz”.

Num dia como esse, restou a Bolsonaro ir ao ex-Twitter fazer uma comparação do número de ministérios dos governos Lula e de Dilma com o dele.