Roberto Campos Neto

Roberto Campos Neto || Crédito: Raphael Ribeiro/BCB

Em arguição pública no Senado, presidente do BC diz que trabalha para reduzir dramaticamente ou eliminar o crédito rotativo dos cartões

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixou, momentaneamente, de ser o belzebu do governo Lula 3. “Esse cidadão”, “esse rapaz” e outras denominações bem mais cabeludas já não saem mais da boca e dos teclados de luminares do PT como o próprio Lula e a presidente da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Tudo porque Campos Neto votou a favor de corte maior da taxa Selic no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, há uma semana, desempatando a peleja em favor da redução de 0,50%.

Pois bem: Campos Neto pagou uma visita nesta quinta (10) ao Senado, e, em arguição pública, falou ali coisas que devem ter soado como música — quem sabe bossa nova, cantada por João Gilberto — aos ouvidos do pessoal do Eixo Monumental.

Sobre os problemas da inadimplência de tantos brasileiros no cartão de crédito, Campos Neto disse: “A gente tem 90 dias para apresentar uma solução, e a solução que está se encaminhando é que não tenha mais o rotativo. Que o crédito vá direto para o parcelamento e que seja uma taxa ao redor de 9%”.

O tal crédito rotativo é a modalidade mais pornográfica de crédito no Brasil. Os juros já bateram 437% anuais.

O presidente do BC disse que muitos cartões foram emitidos recentemente, fazendo a inadimplência disparar para 52% na modalidade. “Não tem nenhuma inadimplência parecida em nenhum outro lugar do mundo.”