Em cúpula, Amorim reforça neutralidade brasileira, e Zelensky se diz “triste” com Lula

Celso Amorim e Volodymyr Zelensky || Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil/CC/WikiCommons/President of Ukraine

Em participação virtual em reunião para discutir conflito na Ucrânia, assessor brasileiro alerta outra vez para "interesses de todas as partes"

Uma nova cúpula de representantes de diversos países — nada menos do que 42 — se reuniu para encaminhar soluções para o conflito na Ucrânia neste sábado (5) e domingo (6) em Jeddah, na Arábia Saudita, mas, como já se prognosticava desde o início, os negociadores saíram com as mãos abanando.

A realidade, contudo, parecia alinhada às expectativas, já que os organizadores em nenhum momento pensaram em produzir um documento oficial. Representantes russos tampouco foram convidados.

O assessor especial de relações internacionais de Lula, Celso Amorim, teve participação virtual e manteve o tom das falas do presidente, sempre temerosas em destacar a Rússia como país agressor. “Qualquer negociação real deve envolver todas as partes. Embora a Ucrânia seja a maior vítima, se realmente quisermos a paz, temos que envolver Moscou neste processo de alguma forma”, disse Amorim.

O assessor ainda ratificou sua mensagem de que “interesses legítimos de segurança de todas as partes” têm de ser contemplados.

Foi para responder a Lula, e não exatamente à fala pontual de seu aspone na cúpula saudita, que o próprio Volodymyr Zelesky disse no domingo a um pool de repórteres da América do Sul, o correspondente da CNN brazuca entre eles, se sentir “triste, muito triste”, com o presidente brasileiro.

“É estranho falar sobre a segurança da Federação Russa. Só a Rússia, Putin e Lula falam sobre a segurança da Rússia, sobre as garantias que precisam ser dadas para a segurança da Rússia”, disse o presidente ucraniano.

E completou, dirigindo-se ao jornalista brasileiro:

“O seu país não está em guerra com ninguém. O seu país, o Brasil, é muito mais respeitado do que a Rússia hoje no mundo. As pessoas são respeitadas, sua visão, suas visões de mundo são respeitadas. O Brasil não é um país agressor, mas um país pacífico. Por que ele [Lula] precisa concordar com as narrativas do líder do estado [Putin], que não é diferente de nenhum colonizador? Ele [Putin] mente constantemente, manipula constantemente, desinforma constantemente as pessoas. Está matando nossos filhos e estuprando nossas mulheres.”