João Pessoa é uma das capitais mais antigas do Brasil. Fundada em 1585, ela apaga mais uma velinha neste sábado, 5 de agosto. Já que você não conseguiu fazer a conta, fazemos para você: “Jampa”, como é conhecida, celebra seu 438º aniversário.
Até as primeiras décadas do século 20, João Pessoa se chamava Cidade Real de Nossa Senhora das Neves — relevaremos que neves são essas em plena Paraíba –, mas o assassinato do político João Pessoa, então governador do estado e cuja morte catalisou a tomada de poder por Getúlio Vargas em 1930, causou comoção.
(A palavra “nego”, que estampa a bandeira da Paraíba, diz respeito à posição do estado em relação à política do café com leite, o revezamento entre presidentes de Minas Gerais e São Paulo que foi interrompido com o golpe de Getúlio. “Nego”, ali, é a conjugação do verbo negar na primeira pessoa do singular no presente do indicativo.)
Não que você precise saber de tudo isso para curtir a cidade, uma das mais aprazíveis para quem busca boas praias urbanas e temperaturas de 28 graus ao longo de todo o ano. O plus é não ter a agitação e a massa populacional de outras capitais nordestinas como Fortaleza, Recife e Salvador.
Ou seja: se joga.
A orla de João Pessoa é agradável, objeto de um plano diretor decente, que normatizou o uso a ocupação do calçadão. Também preservou a faixa de areia da praia da sombra dos arranha-céus, que ficam bem mais distantes.
Por isso não tem erro entrar no mar em Cabo Branco ou Tambaú, duas praias centrais e contíguas. Mas não se arrepende quem empreende um deslocamento mais ao sul, em direção a Coqueirinho, considerado pelo expert em viagens Ricardo Freire como o “banho de mar mais gostoso da Paraíba”; e também rumo Tambaba, a famosa praia de naturismo a 40 quilômetros de Tambaú.
Até uma certa seção da praia não é preciso despir-se de todos os adereços para aproveitar Tambaba. A passagem “privê”, digamos, se dá após uma rápida caminhada e um controle de ingresso — homens desacompanhados de mulheres não são bem-vindos. Este redator já esteve na área “full monty” de Tambaba e pode atestar a beleza complexa do lugar.
Mas talvez o passeio litorâneo mais famoso de João Pessoa seja, na verdade, fluvial, na vizinha Cabedelo. O saxofonista Jurandy do Sax executa diariamente, faça sol ou faça sol, sua interpretação do Bolero de Ravel na hora mágica e apropriada do crepúsculo. Como os bares da orla foram derrubados por decisão do Ministério Público, Jurandy agora se apresenta sobre embarcações.
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