A ideia de que Augusto Aras conseguiria sobreviver à frente da Procuradoria Geral da República com entrada de Lula no lugar de Jair Bolsonaro no Planalto já pareceu impensável.
Mas a mansa sabatina no Senado que em 2021 renovou seu mandato; o movimento da PGR pelo desarmamento da estrutura da Lava Jato; e, finalmente, o apoio do conterrâneo Jaques Wagner, senador do PT da Bahia, recolocaram o nome de Aras em circulação como postulante possível para um terceiro mandato.
A pedra no sapato das pretensões de Aras é Paulo Gonet, apoiado alegremente pelos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Vice-procurador geral eleitoral, Gonet manifestou-se vivamente a favor da inelegibilidade de Bolsonaro e também ganhou o suporte, segundo informou o colunista Guilherme Amado, do ministro da Justiça, Flávio Dino.
Analistas políticos acham que o mesmo trunfo de Gonet, o apoio dentro do STF, é sua principal vulnerabilidade: Lula teria medo de empoderar demais os parças do Supremo. O sonho de consumo do presidente seria estilo Cristiano Zanin — alguém de sua inteira confiança.
Parece não existir algo assim no mercado.
Não que sua opinião conte muito, mas a ministra Simone Tebet, do Planejamento, que ganhou algum espaço no noticiário esta semana por conta da intervenção em sua pasta pró-Márcio Pochmann, chamou na quarta-feira (26), em entrevista à Globo News, a possível recondução de Aras de “desastre”.