Embora a declaração infeliz de agradecimento de Lula ao povo africano “por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão” tenha causado pouco alvoroço — subiram nas tamancas os parlamentares esperados –, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, negro e considerada autoridade acadêmica nos estudos sobre o racismo, achou por bem se pronunciar.
Em entrevista à jornalista Roseann Kennedy, do Estadão, Sílvio fez na quinta (20) a exegese do que disse — ou tentou dizer — o presidente. “O que o presidente Lula disse foi: ‘o Brasil tem uma dívida com África e ela tem que ser paga’. E por isso, o presidente tem insistido, e já falei com ele sobre isso, é que a agenda de direitos humanos com África envolve o chamado direito ao desenvolvimento”, disse Sílvio.
“Lula considera que nossa relação com a África vai muito além do passado, que não se pode esquecer para que suas consequências não sejam reiteradamente vividas.”
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Na quinta (20), o ministério chefiado por Silvio anunciou que 16 estados brasileiros receberão placas de sinalização para “pontos de memória” de africanos escravizados no Brasil. As placas serão fixadas em portos de chegada, casas e terreiros de candomblé, pontos históricos de revolta e quilombos, igrejas, irmandades e locais de trabalho e vida cotidiana de pessoas escravizadas, conforme informa o site oficial do ministério.
Espera-se que as placas estejam devidamente instaladas no começo de novembro, mês da Consciência Negra.