O presidente Lula não cancelou sua live de todas as terças-feiras por estar em Bruxelas, na Celac-UE, a cúpula dos países da União Europeia com as nações da América Latina e Caribe. Sempre tendo a bordo na equipe o jornalista Marcos Uchôa, ex-TV Globo que desistiu na undécima hora de uma candidatura a deputado federal pelo PSB-RJ em 2022, Lula fez a transmissão na manhã desta terça (18), começo da tarde na Bélgica.
A live tem passeado pelas ações objetivas de Lula 3, como, no caso desta terça-feira, o programa Desenrola, anunciado na véspera pelo ministro Fernando Haddad; mas também por desejos, cenários um tanto etéreas que podem ou não se tornar possíveis.
Na primeira parte da transmissão, Lula aproveitou para falar algo que ele vem repetindo com frequência, notadamente em viagens, que é a “alegria” que ele julga ver nos demais presidentes e premiês com quem se reúne. E a ideia de que “o Brasil está de volta” — da Celac-UE, a propósito, Lula disse que o Brasil não participava desde o “golpe”, ou seja, 2016.
Para o presidente, “as pessoas gostam do Brasil, gostam de visitar o Brasil, gostam de ser visitadas pelo Brasil”.
Lula voltou a falar da importância geopolítica do Brasil por conta da transição energética e chegou a dizer que o “século 21 vai ser o século da independência verdadeira do Brasil do ponto vista econômico, social e também geopolítico”.
O otimismo — “sou otimista” — tem a ver com a possibilidade de conquistar investimentos por conta das matrizes energéticas limpas (Lula citou solar, eólica, etanol, hidrogênio verde, biomassa) e também pelo interesse comum pela preservação da Amazônia. Mas ele observou novamente que a ideia não é transformar a floresta num “santuário da humanidade”, mas dar condições de vida para os 50 milhões de habitantes do bioma (28 milhões no lado brasileiro).
Lula reproduziu um discurso comum do ambientalismo, que vê o país como uma potência ambiental e no qual a floresta em pé vale mais do que a derrubada e ainda há enormes extensões de “pastos degradados” que podem servir à produção econômica sem a necessidade de mais desmatamento.
Lula ainda se animou com um “discurso da moda” que ele diz ter ouvido de seus homólogos europeus na cúpula. Países exportadores de minério como o Brasil estariam sendo instados a beneficiar e transformar esse minério em seus domínios em vez de apenas vender a commodity. Em vez de, como falou, repetirem um cenário em que “as empresas tiram o minério, exportam e deixam o buraco lá”.
“Achei uma evolução do discurso”, disse Lula, aduzindo que crê “que os países pobres e os países em desenvolvimento com minério devem aproveitar”.
A questão é conseguir o capital para financiar a construção de fabricas para fazer esse processo de transformação acontecer. Pelos vistos, os países europeus estão dispostos a conversar.