A Diretoria da Fundação Roswitha Haftmann anuncia que o Prêmio Roswitha Haftmann 2023 está sendo concedido ao artista brasileiro Cildo Meireles. Com um valor de 150 mil euros, o Prêmio Roswitha Haftmann é o prêmio de arte mais conceituado da Europa e é apresentado desde 2001 por um júri presidido pelo Diretor do Kunsthaus Zürich. Meireles é um dos artistas mais importantes do Brasil. Seu trabalho multifacetado é poético e conceitual, mas também crítico e socialmente relevante. Abrange uma variedade de gêneros, incluindo esculturas, instalações e performance.
Um dos mais jovens de uma geração que transformou a arte brasileira no final dos anos 1960, ao lado de Lygia Clark e Hélio Oiticica, ele adotou uma abordagem direta e sensual com seu público. Ele é especialmente conhecido por suas instalações altamente sensoriais e imersivas, muitas das quais expressam oposição à repressão política, à exploração (colonial) e à extração antiética de recursos. Seu trabalho aguça a percepção física por meio de outros sentidos além da visão (sensações táteis, auditivas e gustativas) e ganha significado por meio da interação com visitantes, espectadores e outros participantes. As obras de Meireles servem como metáforas visuais para uma série de questões políticas, filosóficas, existenciais e científicas e atestam sua capacidade de estimular o pensamento crítico. “O júri ficou impressionado com o talento excepcional do artista para envolver seu público tanto intelectual quanto emocionalmente com trabalhos politicamente carregados e esteticamente fascinantes”, disse Yilmaz Dziewior, membro do Conselho da Fundação Roswitha Haftmann.
Cildo Meireles, nascido no Rio de Janeiro em 1948, começou sua carreira artística estudando com o artista peruano Félix Barrenechea em Brasília, no ano de 1963. Ao longo de mais de 60 anos de trajetória, ele conquistou o reconhecimento dos principais museus do mundo. A Tate Modern dedicou-lhe uma exposição em 2008, e o Centro de Arte Reina Sofía de Madrid também lhe concedeu a mesma distinção em 2013. Meireles teve a honra de ser convidado para expor na Bienal de Veneza em quatro ocasiões distintas, além de ter apresentado seu trabalho nas bienais de Sydney, Joanesburgo, Lyon, Istambul e São Paulo, assim como na Documenta em Kassel. As obras de Cildo Meireles foram adquiridas por renomadas instituições em todo o mundo, demonstrando a relevância e impacto de seu trabalho na cena artística contemporânea. O Prêmio Roswitha Haftmann é o prêmio de arte mais bem dotado da Europa. Os vencedores têm a liberdade de utilizar o dinheiro do prêmio da maneira que melhor lhes convier, seja para se envolver em novas atividades artísticas ou para documentar e preservar seu inventário ou estúdio. O Prêmio, em primeiro lugar, tem o objetivo de homenagear e destacar o trabalho de toda uma vida do artista vencedor, sem impor qualquer outro compromisso. A iniciativa do Prêmio Roswitha Haftmann surgiu originalmente de Roswitha Haftmann (1924–1998), uma professora de idiomas que também trabalhou como modelo para diversas agências fotográficas nos Estados Unidos. Ela era casada com o historiador de arte Werner Haftmann e dirigiu uma galeria em Zurique até seu falecimento, em 1998. Nascida em St. Gallen, Roswitha Haftmann tinha grande apreço por eventos sociais e decidiu converter sua considerável fortuna em um fundo que apoia o Prêmio que leva seu nome. Desde 2001, a Fundação Roswitha Haftmann concede o Prêmio a um artista vivo que tenha produzido uma obra de excelente qualidade.
O vencedor do Prêmio é escolhido pelo Conselho da Fundação, que inclui diretores do Kunstmuseum Bern, do Kunstmuseum Basel, do Museum Ludwig em Colônia e do Kunsthaus Zürich. Outros membros são cooptados pelo Conselho, garantindo a diversidade de perspectivas no processo de seleção. Cildo Meireles é o 21º ganhador deste prestigioso prêmio, juntando-se a uma lista ilustre de vencedores anteriores, que inclui nomes como Walter De Maria, Maria Lassnig, Robert Ryman, Cindy Sherman, Robert Frank e VALIE EXPORT.
A cerimônia de premiação está marcada para o dia 22 de setembro de 2023, no Kunsthaus Zürich, e contará com a presença apenas de convidados. Será um momento de celebração e reconhecimento do talento e contribuição significativa de Cildo Meireles para a arte contemporânea.