Joaquim Levy reaparece e projeta “cenário favorável”

Joaquim Levy || Crédito: Antonio Cruz/Agência Brasil

Ex-ministro da Fazenda de Dilma, tão antagonizado por setores do PT em 2015, diz ao "Valor Econômico" que Haddad faz "trabalho bem equilibrado"

O ex-ministro de Dilma Rousseff Joaquim Levy comeu o pão que o diabo amassou em 2015, seu ano à frente da pasta da Fazenda. Chamado para fazer os duros ajustes fiscais do segundo mandato da presidente, naufragou, avariado e alvejado por munição pesada vinda do próprio campo político de Dilma. Depois, viveu nova curtíssima vida no governo federal, no começo do governo Bolsonaro, em 2019. Nomeado por Paulo Guedes para a presidência do BNDES, deixou o cargo apenas seis meses depois após estocadas nominais do próprio Bolsonaro.

Agora à frente da Diretoria de Estratégia Econômica do banco Safra, ele, previu em entrevista ao diário Valor Econômico, bons ventos para o Brasil em 2024, com um crescimento do PIB de 2,5%. “Como esse crescimento é mais apoiado na demanda interna, também ajuda a arrecadação. Isso ajuda o fiscal, o que dá mais tranquilidade para a taxa de juros. Dali a pouco, vamos ver fluxo de capital externo vindo”, disse.

Mas temeroso de um possível repique da inflação pela via do consumo, ele sugere controle da “ansiedade” e “paciência”. “Se não houver muita ansiedade, é um cenário favorável ao Brasil (…)  Se tentar fazer tudo no ano que vem, começar a gastar, fazer empréstimo, superaquece a economia e volta aos problemas que a gente já conheceu. Tem de ir dando tempo para as coisas acontecerem e focar muito as questões regulatórias, para criar esse ambiente de investimento favorável”.

E elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a quem cabe, ou caberia, ter essa paciência — inclusive para lidar, como o próprio Levy teve de lidar lá atrás, com os anseios de sua base política.

“Eu acho que o Haddad está fazendo um trabalho bem equilibrado, porque, de um lado, vai tentar tapar alguns buracos, agora, do outro lado, é evidente que vai ter de ter crescimento. Eu acho que o arcabouço [fiscal, reforma fiscal que foi o primeiro “ganho” de Haddad na pasta] tem uma grande vantagem: ele é muito transparente.”