Não se sabe se o recente encontro de Lula com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, serviu para mudar as convicções ideológicas da premiê, que se elegeu com um discurso conservador bastante radicalizado. Seja como for, ela passou a criticar os juros altos do BC europeu — da mesma forma com que Lula bate dia sim, dia sim, na taxa Selic brasileira.
(Ou melhor, bate no presidente do BC brasileiro, Roberto Campos Neto, que tenta se defender dizendo que a decisão de manter a taxa de juros na estratosfera é de um colegiado, não dele.)
Pois bem: pela oitava vez seguida, o BC da Europa aumentou a taxa de juros, agora em 0,25%. É o maior patamar em 20 anos, deixando o padrão médio na zona do euro em 3,5%.
Meloni usou uma metáfora bastante corrente em sua crítica, lembrando Lula e seu pega-pra-capar com Campos Neto. Ambos veem na taxa de juros um obstáculo ao crescimento econômico, especialmente o do setor produtivo.
A”cura”, disse Giorgia, fazendo referência à taxa de juros, “pode ser pior que a doença” — o risco de inflação na zona do euro.