TSE abre julgamento de inelegibilidade, e Bolsonaro viaja por afeto gaúcho

Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE/Reprodução

Ex-presidente marca agenda em Porto Alegre em busca de alguma aclamação popular; hipótese de pedido de vista por Nunes Marques cresce no banco de apostas

A muita esperada sessão do TSE que vai decidir sobre a possível inelegibilidade de Jair Bolsonaro começou na manhã desta quinta (22) com mais excitação fora da sala do tribunal do que propriamente dentro. Enquanto no TSE a defesa do ex-presidente traduz a famigerada reunião com diplomatas em Brasília, objeto gerador do processo em exame, como “debate salutar”, o próprio Bolsonaro tentou se esquivar dizendo, em entrevista à CNN na quarta-feira, que não falou em “fraude” durante o encontro.

Rememorando: em plena campanha eleitoral, Bolsonaro criticava pela enésima vez, então para diplomatas e utilizando-se da estrutura do Planalto, as urnas eletrônicas.

A sessão do TSE foi precedida por movimentos insólitos. Na própria sabatina do futuro ministro do STF, Cristiano Zanin, na CCJ do Senado, na quarta, o senador Flávio Bolsonaro, o 01, quis saber de Zanin, que se declara garantista, sua opinião sobre princípios que poderiam ser utilizadas na formação de entendimento contra seu pai, como a utilização de fatos ocorridos fora do objeto do processo e o expediente do “phishing expedition”, em que se colhem provas a partir de pretextos arbitrários.

Buscando uma agenda de contenção de danos, Bolsonaro decidiu reviver nesta quinta um pouco de seus eventos de extração popular que de alguma forma edificaram sua “mitologia” — muvucas em aeroportos, motociatas etc. — e partiu para Porto Alegre, capital de um estado que o prefere — ou ao menos preferia — a Lula.

Em sua conta do Twitter, publicou a foto de um bilhete a ele direcionado pela equipe de limpeza da companhia aérea que utilizou para embarcar, Os funcionários revelaram no papel que o “amavam”.

A bolsa de apostas sobre um possível pedido de vista do juiz do TSE e ministro do STF Kassio Nunes Marques, indicado para o Supremo justamente por Bolsonaro, aumentou nas últimas horas. Caso isso aconteça, a pantomima irá se repetir no segundo semestre.