Morre Silvio Berlusconi, que indicou o caminho para o populismo de direita

Silvio Berlusconi || Créditos: CC/WikiCommons/paz.ca/flickr

Ex-premiê italiano por quatro termos, tycoon da mídia e ex-presidente do Milan, Berlusconi abriu a porta para os extremismos que o suplantaram

Na época em que o empresário Silvio Berlusconi se tornou premiê da Itália, o Ocidente talvez ainda não houvesse vislumbrado até onde o populismo de direita poderia chegar. O poço ainda seria cavado bem mais fundo nos anos 2010. Mesmo na Itália, um país onde a direita perdeu o superego, digamos, no cenozoico, ele conseguiu ser superado por figuras como Matteo Salvini e a atual primeira-ministra, Giorgia Meloni.

O ex-premiê morreu nesta segunda (12), aos 86 anos, em função de um câncer. Mais longevo primeiro-ministro italiano, tendo estado neste posto por quatro termos, ele foi o “grande sedutor”, no título do obituário a ele dedicado pela centenária The Economist, que inventariou as estratégias de sedução utilizadas por Berlusconi desde seus tenros anos.

Tycoon da mídia italiana, tendo começado seu império midiático com um canal fechado em Milão, criou um partido político que se tornou protagonista da política italiana em menos de um ano e, fazendo escola, engajou-se na aprovação de quase duas dezenas de leis que beneficiaram amplamente seus negócios

Berlusconi acumulou outras dezenas de processos, incluído nessa cornucópia processual prostituição infantil. Teve seus direitos políticos cassados em 2013, mas reelegeu-se senador nas eleições de 2022.

O ex-premiê ainda ficou conhecido no mundo da bola ao presidir o tradicionalíssimo Milan numa de suas fases mais auspiciosas, mas hoje controlava o muito menor Monza, da primeira divisão de seu país.