Depois de ver queda de rival à direita, Nunes tem semana do cão com GCM e “contrapartida” na Câmara

Ricardo Nunes || Crédito: Leon Rodrigues/Secom

Prefeito paulistano ganha com saída de concorrente à disputa pela prefeitura, mas passa a enfrentar problemas com guarda municipal e vereador sincerão

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que até aqui viveu experiências eleitorais apenas como vereador ou compondo chapa majoritária com Bruno Covas, deve estar começando a sentir os humores de uma campanha majoritária de uma cidade de 12 milhões de habitantes, maior em população que muitos estados brasileiros.

Isso com direito a sobes e desces vertiginosos. Depois de receber a notícia auspiciosa de que seu concorrente ao coração de Bolsonaro, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), jogou a toalha ao admitir que não terá legenda para concorrer em 2024, deixando o PL e a direita bolsonarista livre para apoiar sua tentativa de reeleição, um manancial de más notícias turvou sua semana.

De início veio a lume a mensagem nada republicana do vereador paulistano Adilson Amadeu (UB), que cobrou empenho da Secovi (sindicato patronal dos construtores de São Paulo) na futura campanha de Nunes. Coisa explícita: Amadeu pediu, sem eufemismos, “contrapartida” para ajudar “na reeleição” do atual prefeito.

A contrapartida da bancada de situação que Amadeu integra na Câmara já havia sido feita com a aprovação, em primeiro turno, do substitutivo do Plano Diretor paulistano, com atendimento a diversos pleitos dos construtores.

Nunes, claro, fez que não era com ele; na terça (6), contudo, ele teve de administrar outro escândalo, o da cobrança a comerciantes da região da Cracolândia feita por policiais da guarda municipal, algo digno da Máfia-raiz. A cobrança particular era por serviços de vigilância, exatamente o que os guardas são pagos para fazer.

O prefeito afastou os envolvidos e pediu, em tuíte, que a “população não perca a confiança na GCM, porque atos isolados e condenáveis não representam a conduta da maioria dos servidores”.

O provável maior adversário de Nunes na eleição do ano que vem, deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), repercutiu, em vídeo, nesta quarta (7), o caso.

“O prefeito quer aprovar a toque de caixa um plano que atende a um só segmento (…) com retrocessos inacreditáveis”, comenta o deputado.

A questão é tão sensível que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, quando prefeito de São Paulo aprovou o Plano Diretor que agora a Câmara quer mudar, envolveu-se diretamente no assunto. Ele mobilizou a bancada de vereadores do PT, que votou rachada no primeiro turno, e também telefonou para o governador Tarcísio Gomes de Freitas, alertando-o para os problemas do substitutivo.

O mundo veio abaixo depois disso, com o presidente da Câmara Municipal e homem forte do grupo de Nunes, vereador Milton Leite (UB), dizendo que a movimentação de Haddad poderia dificultar o apoio do União Brasil à PEC da reforma tributária, que deve ser votada ainda antes do recesso da Câmara Federal.

Nunes não esconde seu desapreço pelo ministro, como PODER pode constatar em entrevista recente concedida em evento que discutia a reforma tributária. Ao ser perguntado por PODER se o ministro não seria sensível a um pleito do prefeito de São Paulo na redação do texto da reforma, ele, incontinenti, começou a cotejar entregas de hospitais e UPAs (unidades de pronto atendimento de saúde) feitas por ele e pelo ex-prefeito Haddad.

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