Celso Athayde pede ministério das Favelas e diz que ONGs “criminalizam lucro”

Celso Athayde e Rocinha || Crédito: Divulgação/CC/WikiCommons/chensiyuan

Em entrevista ao “Estadão”, fundador da CUFA vê desigualdade econômica se agravar e pede “olhar diferente” para 17 milhões de brasileiros

O fundador da Central Única das Favelas (Cufa), Celso Athayde, pediu um ministério das Favelas para o governo Lula 3 em entrevista publicada nesta terça (20) pelo Estadão. Athayde disse ainda que a desigualdade econômica cresceu nas comunidades, hoje habitadas por menos 17,1 milhões de pessoas, segundo o IBGE, e que o déficit habitacional deveria ser prioridade.

“[O ministério das Favelas é] uma provocação para haver um setor que possa olhar essas pessoas com uma visão diferente. São pessoas que vivem sob gestão não do poder público, mas de um poder paralelo”, disse Athayde.

Athayde acha que as comunidades poderiam ter regime especial tributário para fazer decolar o empreendedorismo, que ele vê como um dos diferenciais desses núcleos. “Uma das propostas que a gente tem é transformar a favela numa zona franca, onde os empregadores das favelas tenham menos encargos e tenham maior facilidade para empreender. Assim, as empresas recebem incentivos fiscais em municípios para desenvolver aquela cidade.”

O empreendedor ainda reclamou dos empresários, que “não olham” para a favela, e da ação de parcelas do terceiro setor, que, em sua visão, “criminalizam o lucro”.

“O mundo corporativo não olha para a favela e não tem responsabilidade de resolver todos os problemas. No terceiro setor, das ONGs e movimentos sociais, são movimentos que criminalizam o lucro. Quando você transforma o lucro em pecado, você diz que na favela é preciso se viver com escassez e não com abundância. Não digo que eles não são do bem. Mas geralmente são movimentos de fora das favelas. As ONGs das favelas não têm dinheiro, não têm CNPJ e não conseguem pagar os impostos.”