Augusto Aras

Augusto Aras || Créditos: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Procurador-Geral da República toma bypass de Alexandre de Moraes em operação da PF contra empresários que pregaram golpe em grupo de WhatsApp; Moraes, depois, nega

O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, vai se celebrizando em seu segundo biênio à frente do MPF como aquele que deixou de investigar quem deu carradas de razão para ser investigado e, em menor medida, como aquele que investigou alguns críticos na imprensa. E também por abrir uma nova metodologia à frente do órgão, a das chamadas investigações preliminares, que costumam não levar a indiciamentos.

Talvez por essa razão ministros do STF como Alexandre de Moraes já não participam ao PGR as operações que autorizam a Polícia Federal empreender, como aconteceu nesta terça (23) com os empresários que pregaram golpe, em rede social, em caso de possível vitória de Lula. As declarações de empresários bolsonaristas como Luciano Hang (Havan), Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu) e Marco Aurélio Raymundo (Mormaii), reveladas pelo jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, ensejaram a operação, que não teve o concurso da Procuradoria.

O órgão que Aras comanda emitiu nota oficial para manifestar certo desapontamento do chefe, pode-se inferir.

“O procurador-geral da República, Augusto Aras, esclarece que tomou conhecimento, nesta 3ª feira (23.ago.2022), da existência da Petição 10.543, em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal). “Os autos ainda não foram remetidos à PGR (Procuradoria-Geral da República) para ciência formal da decisão do dia 19 de agosto, que determinou as diligências cumpridas nesta manhã. (…) Não houve intimação pessoal da ordem, conforme previsão da Lei Complementar (…) apenas entrega – em procedimento não usual – de cópia da decisão, na tarde de 2ª feira (22.ago), em sala situada nas dependências do STF, onde funciona unidade de apoio aos subprocuradores-gerais da República e ao PGR.”

Moraes veio a público após a nota da PGR dar sua própria versão dos fatos:

“Importante ressaltar que esse procedimento de intimação é rotineiro, a pedido da própria PGR, conforme demonstram inúmeros inquéritos e petições que tramitam nesse gabinete”, escreveu Alexandre de Moraes em nota. Ele também afirmou que a ordem chegou à PGR às 16h40 da segunda (22).

No final da tarde, para dar mais pimenta no caldo, o site Jota revelou, a partir de informações do inquérito, que Augusto Aras trocou mensagens com alguns dos empresários investigados. É sabido que o procurador é amigo de Meyer Nigri, da Tecnisa, citado no discurso de posse de Aras, conforme lembrou o portal UOL.