Silente quando Bolsonaro atacou pateticamente as urnas eletrônicas, agora presidente da Câmara festeja “fortalecimento” do regime democrático
Quando Jair Bolsonaro fez seus mais estridentes ataques às urnas eletrônicas, notadamente na patética e recente apresentação aos embaixadores, Arthur Lira manteve o mais reverente e rotundo silêncio. Seus homólogos do Senado e do TSE, contudo, tiveram de se posicionar firmemente para que o vai da valsa bolsonarista não descambasse para algo mais preocupante.
Pois agora o presidente da Câmara passou a celebrar o processo eleitoral. Com o início da temporada de campanhas políticas, uma das quais a dele, ele decidiu abrir a matraca. Disse Lira nesta terça (16) em sua conta no Twitter: “Hoje, com o início da campanha eleitoral, a democracia no Brasil começa um processo vigoroso de visitar suas raízes, para fortalecer seus troncos e alimentar seus galhos e folhas.”
Este é um momento crucial, quando a democracia se recicla e se fortalece na vontade popular. Vamos celebrar esse momento democrático, com respeito, amplo debate de ideias e paz.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) August 16, 2022
Aliado de primeira hora de Bolsonaro, Lira conseguiu tratorar e aprovar na Câmara as dois projetos de emenda constitucional (PEC) que permitiram ao presidente aumentar o Auxílio Brasil (e, no bojo, criar compensações a categorias específicas) e reduzir na marra a alíquota de ICMs sobre os combustíveis.
A primeira PEC, chamada “Kamikaze”, prevê que o Auxílio Brasil seja pago apenas até dezembro de 2022. Em janeiro de 2023, que o próximo presidente, seja ele quem for, se vire.
As duas PECs são vistas por diversos observadores como inconstitucionais, mas o STF não parece disposto a entrar nessa briga.