A enésima arenga de Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral brasileiro, o Tribunal Superior Eleitoral e os ministros do STF Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, desta vez na segunda (19), em solenidade no palácio do Planalto para embaixadores paga com dinheiro público, finalmente gerou reações um pouco mais estruturadas.
Além de Fachin, que preside o TSE, que respondeu em termos duros, embora sem citar Bolsonaro, na própria segunda (19), duas entidades de classe manifestaram-se publicamente contra o ataque sistemático do presidente ao sistema eleitoral brasileiro.
Renata Gil, falando em nome da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que preside, disse que “o sistema de votação eletrônico implantado no Brasil é considerado um modelo de sucesso em todo o mundo, continuamente testado por organismos internacionais autônomos. Nunca se comprovou a existência de fraudes, apesar das verificações públicas a que as urnas eletrônicas são submetidas periodicamente”.
A OAB também se manifestou, igualmente sem mencionar Bolsonaro. Em nota assinada pelo presidente, Beto Simonetti, a entidade referendou o trabalho das “ministras e ministros do TSE”. “Os diversos integrantes do tribunal têm sempre adotado as providências necessárias para manter atualizadas as resoluções eleitorais e também as tecnologias empregadas a cada votação, em um processo de amadurecimento que promove a continuidade da segurança do modelo brasileiro, seguindo padrões científicos e de segurança comprovados.”
Em evento organizado pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta terça (19), o procurador regional da República Ubiratan Cazetta provocou as instituições. “Quando o presidente reúne embaixadores para falar mal do sistema eleitoral, nominalmente acusar três ministros e não há reação, algo não está bem. Essa reação não precisa ser um golpe, precisa ser apenas ‘olha, o sistema funciona, a Constituição tem regras, o senhor tem o seu papel, exerça-o.”
Também na segunda (19), o Google decidiu retirar do ar do YouTube live de Bolsonaro em que ele tentou provar que o resultado das eleições de 2018 — inclusive as presidenciais, que ele ganhou — foram fraudadas. O Google demorou precisamente um ano para tomar essa atitude.
No Poder Legislativo, o de sempre: presidente do Senado, Rodrigo Pacheco subiu um tiquinho de nada o tom habitual para dizer que “a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida”. E seguiu: “Não há justa causa e razão para isso. Esses questionamentos são ruins para o Brasil sob todos os aspectos.”
Já Arthur Lira, presidente da Câmara Federal, preferiu registrar nesta segunda (19) que o prefeito de Arapiraca (AL) decidiu apoiar uma determinada chapa de direita na disputa para o governo de Alagoas.