João Amoêdo foi a terceira via possível nas eleições presidenciais de 2018. Desconhecido, o candidato do Leblon, do Estado mínimo e talvez da verdadeira antipolítica, conseguiu com seu partido Novo votação razoável para um novato, 2,7 milhões de votos, cerca de metade do que obteve Geraldo Alckmin, que na época concorria pela coligação PSDB-PP.
Amoêdo ainda ficou à frente de Henrique Meirelles e de Marina Silva.
Pois bem, agastado com a entrada do Novo na vida político-institucional de verdade, o que significou apoio de grande parte de seus deputados federais ao conservadorismo sem peias de Jair Bolsonaro – inclusive muitas vezes em votações francamente contrárias ao liberalismo econômico –, Amoêdo foi se distanciando do dia a dia de sua sigla.
Mas não parou de opinar sobre os assuntos políticos em sua conta no Twitter. Apenas nesta terça (12), ele comentou sobre a imersão dos militares no processo eleitoral, sobre as agruras do orçamento secreto e também a respeito da inacreditável tentativa de Jair Bolsonaro de persuadir os cunhados bolsonaristas do dirigente petista assinado em Foz do Iguaçu para atuarem em sua defesa.
O Ministro da Defesa prepara um programa de fiscalização eleitoral, liderado por militares. Não é o papel da Forças Armadas confrontar o TSE e se intrometer no processo eleitoral.
É apenas o desejo de um presidente que não respeita as instituições e quer tumultuar as eleições.
— João Amoêdo (@joaodamoedo) July 12, 2022
O que não se vê nos comentários de Amoêdo é a lembrança de que o Novo tem um candidato presidencial, o cientista político Luiz Felipe D’Ávila. Um longo “scroll down” na conta do banqueiro convertido em político-sensação de 2018 e nada se lê sobre D’Ávila.
É recíproco. D’Ávila também não menciona Amoêdo em suas postagens, embora compartilhe a mesma indignação do colega quando fala sobre “polarização”, “extremismos”, sobre o “contorcionismo argumentativo” de Paulinho Guedes, es sobre o que chama de “Bolsodilma”, ou seja, o governo Bolsonaro que, segundo ele, cada vez mais se parece com o de Dilma Rousseff.
Eu não quero saber se a culpa é do Lula, que começou com essa radicalização nos anos 90, ou do Bolsonaro, que estimula ela todo santo dia na presidência.
Eu quero um futuro em que os brasileiros possam voltar a conviver em paz.
E que esses dois fiquem no passado.
— Felipe D'Avila (@fdavilaoficial) July 13, 2022