A invasão da Ucrânia pela Rússia pode estar a se tornar matéria de página par abaixo da dobra – ou, para traduzir o jargão dos jornais do pré-cambriano: sem importância – nos países pouco afetados por ela. Mas não dá para dizer o mesmo, claro, na Ucrânia, que há quatro meses vive sob bombardeios e nesta segunda (27) contabilizou mais 18 mortes de civis em razão da destruição de um shopping na cidade de Kremenchuk.
Na Rússia, ainda que o rublo tenha atingido valorização histórica, as coisas também não vão lá muito bem. Nesta terça (28), um raro tycoon da área de alumínio voltou a se manifestar contra o delírio beligerante de Vladimir Putin. Oleg Deripaska, controlador da Rusal, disse que “nenhum vitorioso” sairá dessa guerra.
“Fico alarmado com a velocidade com que nós abandonamos tudo o que conseguimos nos [anos] 1990, depois o que conseguimos nos 2000, e agora, que ficamos sentados a esperar uma vitória – mas que vitória? De quem será a vitória?”, sofismou.
‘Acho que destruir a Ucrânia será um erro colossal, mesmo para nós.”
Deripaska, que se tornou magnata ao mesmo tempo em que Putin ascendeu politicamente, tomou cuidado em jamais citar o presidente russo em sua reflexão. Rasgar dinheiro ele não rasga.
Seja como for, divergiu do líder ao dizer que as sanções econômicas impostas à Russia estão “ferindo” o país. Putin, talvez para não se deixar abater e levar junto dezenas de milhões de russos, repete a todo instante que a nação “emergirá mais forte” ao final do conflito.