De olho no voto conservador, Rodrigo Garcia não perde a oportunidade de poupar Bolsonaro

Rodrigo Garcia, Doria e Bolsonaro || Crédito: Gov-SP/Clauber Cleber Caetano/PR

Em pré-campanha, governador paulista ataca Petrobras, mas nunca o presidente, o que deve fazer João Doria revirar no caixão

É difícil saber o que o atual governador paulista, Rodrigo Garcia, herdou de seu antecessor, João Doria, mas dá para saber o que ele definitivamente não herdou: o ódio por Bolsonaro.

Todas as vezes que tem oportunidade de golpear o presidente, que sistematicamente espezinhava Doria e o o governo de que Garcia foi parte integrante, o governador silencia, preferindo “terceirizar” os alvos, às vezes até atacando a mesma vítima de Bolsonaro.

(O que deve fazer João Doria revirar no caixão.)

A estratégia, obviamente, é muito bem pensada, pois o presidente tem ainda votos de parcela significativa do eleitorado paulista, e Garcia não pode prescindir deles se quiser ter chances em 2 de outubro, quando disputa novo termo no Bandeirantes.

Nesta segunda (27), Garcia se apressou a divulgar a redução da taxa de ICMS para os combustíveis no estado – “primeiro estado” a fazê-lo –, bandeira de campanha à reeleição do presidente, mas em nenhum momento atacou Bolsonaro, preferindo uma saída à Arthur Lira, ou seja, optando por dar uns belos cascudos na Petrobras.

Eis o tuíte que publicou na sexta-feira (24):

“Tô aqui pra defender SP dessa briga política q só atrapalha o país. Não tenho padrinho. Meu padrinho é o estado de SP e os paulistas! Meu papel é dialogar com quem quer q esteja na presidência, seja o presidente q for. Pq não me importa sua ideologia, me interessa o seu problema.”

O time das redes sociais do governador deve ter trabalho para manter o tom cordial e ao mesmo tempo inventar quiz de conhecimentos filatélicos sobre o estado de São Paulo, tudo para mostrar que o principal adversário no campo conservador de Rodrigo, o ex-ministro Tarcisão, não sabe os apelidos dos clubes da terceira divisão do estado.

E, por isso, Tarcisão não merece o voto paulista.