A coleção de barbaridades diplomáticas perpetradas pelo presidente brasileiro é copiosa, mas, como no slogan do desodorante popular, sempre cabe mais uma. A vitória de Gustavo Petro, o candidato de centro-esquerda na Colômbia nas eleições deste domingo (19), passou novamente em branco pelo Itamaraty e por Bolsonaro, que, diferentemente dos homólogos do México, Chile, Argentina, Peru, Bolívia, Cuba, Equador, não cumprimentou o futuro presidente da Colômbia.
Não se trata de um país irrelevante. Além de ter enorme fronteira comum com o Brasil na Amazônia, é a quarta ou quinta maior força econômica das Américas ao sul do rio Grande e é um país que se moderniza rapidamente, com bom ambiente para novos negócios.
Não ter cumprimentado Petro, que é ex-guerrilheiro, traço biográfico que evidentemente não passou despercebido pelos meios de comunicação, era esperado, mas talvez Bolsonaro tenha se sentido traído pelas palavras reconfortantes dadas pelo derrotado nas eleições de ontem, o empresário e ex-prefeito de Bucaramanga Rodolfo Hernandéz, que reconheceu a lisura da vitória do adversário.
“Aceito o resultado como deve ser se queremos que nossas instituições sejam firmes. Espero sinceramente que esta decisão que tomaram seja benéfica para todos”, disse.
O deputado fedral 03 Bolsonaro (PL-SP) foi ao Twitter ainda no domingo (19) para exibir mapa da América do Sul com seis países marcados com a famosa insígnia soviética da foice e do martelo — Chile, Argentina, Peru, Venezuela, Bolívia e o novo entrante, a Colômbia.
“A responsabiliade do eleitor brasileiro só aumenta. Já não é mais ‘tão somente’ pelo Brasil, é por toda a região”, escreveu. O termo “comunismo” era trend topic na manhã desta segunda (20).
A responsabilidade do eleitor brasileiro só aumenta. Já não é mais “tão somente” pelo Brasil, é por toda a região. pic.twitter.com/98y1XaEfGq
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) June 20, 2022