Dois mil e vinte e dois não vai nem pela metade e o PSDB talvez já possa se orgulhar de ter vivido o ano mais bizarro de toda sua história de quatro décadas. Nesta segunda (13), para coroar uma sequência de trapalhadas que nem o pior roteirista político poderia escrever, o ex-governador João Doria decidiu declarar, em coletiva de imprensa, que deixa a carreira política.
Não seria nada de mais não fosse esta segunda também o dia escolhido por Eduardo Leite para afirmar que concorrerá a mais um termo como governador do Rio Grande do Sul. A jovem estrela do PSDB passou o mandato inteiro a detonar o instituto da reeleição, mas “dobrou-se” à ideia de que precisava “mudar de opinião”. De opinião sim, mas não de “princípios”, como disse em evento em Porto Alegre.
“Me fizeram entender que eu deveria colocar o coletivo na frente do individual e que era preciso ouvir mais vozes e não somente minha própria voz”, disse.
(o francês tem uma boa expressão para isso: ah bom?)
Leite, como se sabe, perdeu para Doria o reality show bancado com dinheiro público (fundo partidário) que definiria o candidato tucano a presidente da República nas eleições de outubro. Mas Doria, sem traquejo nem apoio político, foi bombardeado por seus correlegionários, que não o viam com qualquer possibilidade de vitória, preferindo engrossar a candidatura de Simone Tebet (MDB).
Eis a grande articulação do que se convencionou chamar de Terceira Via.