O ministro do STF Edson Fachin deve estar a dar graças a Deus por seu tempo à frente da presidência rotativa do Tribunal Superior Eleitoral encerrar-se em apenas dois meses. Nas eleições de 2 de outubro, como se sabe, o chefe do TSE será o colega Alexandre de Moraes. Fachin — e tampouco Moraes, é verdade — raramente passam mais de dois ou três dias seguidos sem ser “agraciados” por Jair Bolsonaro.
Nesta segunda (6), o presidente mandou essa para seus seguidores reunidos no famoso cercadinho protegido do palácio da Alvorada: “O Fachin no mínimo deveria se considerar impedido ou suspeito para conduzir o processo eleitoral”.
(Teve mais, mas a parte “publicável” vai acima.)
Fachin teve trabalho nestes últimos dias. Nesta segunda (6), comandou encontro com os chefes dos TREs, os tribunais eleitorais dos estados, evento que precede reunião com representante da rede social Telegram, que, depois de ter sua operação suspensa no Brasil por determinação de Moraes, finalmente mostrou algum espírito de colaboração para evitar a propagação de fake news.
Na sexta (3), Fachin usou a expressão “engenheiros do caos” para falar de atores que questionam sistematicamente a lisura e a eficiência das urnas eletrônicas — uma chance para adivinhar os nomes não declinados.
“As narrativas falsas (…) proliferarem argumentos frágeis, vagos e cambiantes, disparados, estrategicamente, com a finalidade de justificar o injustificável: a recusa da democracia feito pelo julgamento efetivado nas urnas, disse Fachin.
A expressão “engenheiros do caos” ecoa livro do cientista político Giuliano da Empoli, que mostra o, digamos, making of do surgimento dos líderes populistas da Era Trump/Bolsonaro, que se alimentam de um claro discurso de ódio, pautas conservadoras e disseminação de fake news, tudo isso feito para ganhar eleições — ou contestar a eventual vitória de seus adversários – e controlar nacos cada vez mais generosos de poder.