Harvard disponibiliza US$ 100 milhões para corrigir seus laços com a escravidão

Relatório divulgado pela instituição faz 'mea culpa' e assume que a origem de sua riqueza veio de patronos cujas fortunas foram feitas às custas de escravos

A Universidade de Harvard está disponibilizando US $ 100 milhões para estudar e corrigir seus laços com a escravidão. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo presidente da instituição, que explicou que com esse dinheiro será criado o “Fundo do Legado da Escravidão”, para seguir pesquisando essa história, trabalhando com descendentes de negros. e nativos americanos escravizados em Harvard, bem como suas comunidades mais amplas.

Dessa forma, esta que é uma das mais conceituadas universidades do mundo se junta a outras – como Brown, Georgetown e Princeton Theological Seminary –, que estão investindo recursos financeiros e esforços para fazer uma reparação histórica.

Relatório divulgado pela Harvard diz que, em suas raízes, a universidade, fundada em 1636, devia sua imensa riqueza aos patronos cujas fortunas foram feitas às custas de pessoas escravizadas. “Harvard se beneficiou e, de certa forma, perpetuou práticas profundamente imorais”, disse Lawrence S. Bacow, presidente de Harvard, em um e-mail aos alunos, professores e funcionários da universidade. “Consequentemente, acredito que temos a responsabilidade moral de fazer o que pudermos para lidar com os efeitos corrosivos persistentes dessas práticas históricas em indivíduos, em Harvard e em nossa sociedade.”

O documento contém recomendações sobre como o dinheiro do fundo recém-criado deve ser gasto. A Harvard Corporation autorizou a alocação e os fundos estão disponíveis, disseram autoridades, mas os detalhes finais ainda precisam ser afinados.

As recomendações do comitê incluem: trabalhar para melhorar as oportunidades educacionais para os descendentes de negros e nativos americanos escravizados, principalmente no Sul e no Caribe; homenagear os escravizados por meio de memoriais, pesquisas e currículos; forjar parcerias com faculdades e universidades historicamente negras e tribais, incluindo um programa de intercâmbio de estudantes e professores; e identificar e construir relacionamentos com os descendentes diretos de escravos que trabalhavam no campus de Harvard ou que foram escravizadas pela liderança, corpo docente ou funcionários da instituição.