Tornado bode expiatório por adversários de Moro, o deputado federal bem que poderia citar Getúlio: “Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, eu ofereço em holocausto a minha vida”
Em sua famosa carta-testamento, antes de encerrar com a frase bombástica com a qual saiu da vida, entrou para história e virou completamente a mesa da política nacional naquele momento – pobre Carlos Lacerda –, Getúlio Vargas escreve o seguinte: “Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.”
Pois bem: adversários do deputado federal paulista Kim Kataguiri – e do candidato presidencial por Kataguiri apoiado, Sergio Moro –, querem oferecer o parlamentar em holocausto.
A bancada do PT na Câmara Federal, o deputado federal 03 Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Renan Calheiros (MDB) pediram que a Comissão de Ética da Casa e o presidente Arthur Lira (PP-AL) considerem abrir processo disciplinar contra Kataguiri, que no podcast Flow, na segunda (7), disse que a Alemanha cometeu um erro ao criminalizar o nazismo.
Mas disse também: “O que eu defendo (…) é que por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que o sujeito defenda, isso [o nazismo, ou ao menos o ódio aos judeus que compõe parte da ideologia] não deve ser crime. Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia é (…) é você dando luz naquela ideia, para ela seja rechaçada socialmente e então socialmente rejeitada.”
“A melhor maneira de derrotar as ideias nazistas (…) é expondo os horrores das obras nazistas.”
Parece muito claro – e isso foi expresso por Kataguiri no podcast, como visto acima – que o parlamentar abomina o nazismo, mas isso já não importa. Tendo possivelmente o ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a soldo da transnacional Alvarez & Marsal Sergio Moro como alvo, os adversários querem fazer pespegar a Kataguiri a pecha de simpatizante do nazismo.
Ah sim. Quanto ao ex-ex-ex, em meio a fotos de suposta recepção calorosa em Fortaleza, um tuíte perdido e bastante lacônico da terça (8) diz o seguinte:
“O nazismo é abominável e inaceitável em qualquer circunstância. É um crime e uma ofensa ao povo judeu e a toda humanidade. Não há mais lugar no mundo para o ódio e a intolerância.”
Será que o ex-ex-ex também abandonará seu jovem parceiro, escada do show da abertura “voluntária” das contas de Moro na Alvarez & Marsal na última sexta-feira de janeiro?
O nazismo é abominável e inaceitável em qualquer circunstância. É um crime e uma ofensa ao povo judeu e a toda humanidade.
Não há mais lugar no mundo para o ódio e a intolerância.— Sergio Moro (@SF_Moro) February 8, 2022