Em entrevista a mídia amiga, Lula vê governabilidade mais difícil do que vitória eleitoral

Lula || Créditos: Reprodução

Ex-presidente se reúne com jornalistas de sites de afinidade ideológica, defende alianças, diz ter incluído “povo” nas suas decisões e reclama política de desenvolvimento industrial

Em “revival” de seus tempos pré-prisão, o ex-presidente Lula concede nesta quarta (19) entrevista coletiva a sites de orientação ideológica afim ao PT, como Brasil 247, GGM, Revista Fórum, Tutameia, Rede Brasil Atual e DCM.

Seria algo similar aquilo com que Jair Bolsonaro chama de “minha mídia” caso os sites representados na entrevista desta quarta não fossem liderados por jornalistas.

A entrevista começou às 10h30 e, previsivelmente, Lula foi perguntado sobre a aliança desejada com o antigo adversário Geraldo Alckmin, e embora tenha refutado ter tido conversas explícitas com o ex-governador paulista, fez peroração sobre governabilidade.

“Não sou candidato para ser protagonista, sou candidato para ganhar as eleições, e num momento em que o Brasil está infinitamente pior do que em 2003, quando tomei posse. Ganhar as eleições é mais fácil que governar, e governar significa que você tem que adquirir uma possibilidade muito grande de conversar com as pessoas. Por isso precisamos fazer alianças”, declarou conforme registrou o Brasil 247.

Mais à frente, ao falar sobre a pouca diversidade verificada inclusive nos ministérios de seus dois governos, o presidenciável disse:

“O presidente da República não pode tudo. Meu grande feito não foi uma obra. Foi a inclusão do povo nas decisões. Precisamos transformar o povo em sujeito na história. Este país não é meu, não é teu. É nosso. E envolver negros, índios, desempregados, povo sem rua, catadores de materiais reciclados. Esse povo tem de dizer que país queremos. Não é apenas Faria Lima, a Bolsa de Valores. Eles também serão ouvidos, mas têm de aprender que há outros setores. É possível exercer a democracia na sua plenitude respeitando a totalidade da população brasileira.”

Sem pautas específicas, Lula falaria ainda de desenvolvimento industrial. “Tínhamos empresários com visão nacionalista como Antônio Ermírio, os Mindlin, os Villares, um conjunto de empresários que pensavam o Brasil, e isso acabou. Hoje é Veio da Havan, uma tristeza para o nosso país, ainda vendendo produto chinês. Temos de pensar em que nicho de indústria vamos apostar.”