Desde que a Câmara dos Deputados promoveu ação para debater como os jovens (18 a 24 anos) usam as redes sociais para atuar em movimentos de cidadania, melhoria da realidade local e questões que afetam o interesse público, em setembro do ano passado, começaram a pipocar estudos e teorias sobre como essa fatia da população se expressa sobre política.
Levantamento da Fundação Tide Setúbal aponta que os jovens ainda preferem falar de partidos e ideologias pessoalmente, nas festas ou encontros com a turma. Explica-se: eles têm medo do cancelamento das redes sociais, demonstra o texto, exemplificando com as bolas fora de Anitta, funkeira rechaçada na internet ao perguntar se os ministérios (tipo ministério da Saúde, da Economia) faziam parte do Judiciário.
Para o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Moura, existe uma dificuldade em se posicionar de maneira mais firme pelo simples fato de que o jovem ainda usa artifícios como a “lacração”. “A turma que ainda está começando a vida adulta tem dificuldade em se expressar sem fazer gracinhas, colocar frases pesadas. E com o aumento de processos envolvendo fake news e injúrias nas redes, criou-se uma atmosfera de medo entre os mais jovens”.
Moura diz que a juventude dourada vê como algo “muito muito distante” a mobilização estudantil dos Caras Pintadas, contra o ex-presidente alagoano Fernando Collor, hoje senador, em 1992. “Para esse pessoal, hoje, uma mobilização são os xingamentos, paródias e memes, que, se você reparar, são apenas compartilhados. Poucos têm coragem de escrever seus pensamentos, não querem se comprometer. Então, compartilham em corrente o que veem por aí”.
Em dezembro, PODER Online pesquisou entre especialistas qual será o papel das redes sociais nas eleições de 2022. Ainda em dúvida sobre o futuro, o consenso é de que, talvez, seja melhor não arriscar.